terça-feira, 27 de abril de 2004

SOMBRAS DO PASSADO
1982 a 1984
Francisco Morato - SP


Anos de 1982 a 1984. Nessa época obscura eu vivia na cidade de Francisco Morato - SP. Em um período esquecido, tudo que eu fazia era arrastar meu traseiro juvenil pelo chão e brincar com meus brinquedos. Nunca fui de jogar bola ou outras brincadeiras mais físicas, pois minha visão era limitada.

Desde os seis meses minha mãe me levava em oftalmologistas para verificarem minhas vistas. E nunca encontravam nada! Só sabiam dizer para minha mãe voltar seis meses mais tarde. Como eles não percebiam que eu era estrábico? Mistérios da medicina fundo de quintal.

Aos dois anos minha mãe me levou para um oftalmologista e finalmente coloquei meu primeiro para de óculos fundo de garrafa. Logo com essa idade eu fui apelidado carinhosamente pelas outras crianças de “Quatro Olhos”.

Eu tentava me enturmar com as crianças da minha idade, mas nas brincadeiras alguém sempre batia a mão, cotovelo, cabeça ou outra parte do corpo em meu rosto. Em conseqüência meu óculos sempre se espatifava no chão. Sinceramente eu perdi a conta de quantos óculos me quebraram. A solução encontrada por meus pais foi simples e econômica: me proibiram de brincar na rua com outras crianças e me entupiram de brinquedos baratos. Nessa época minha família não tinha muito dinheiro. No vivíamos em uma pequena casa de três cômodos enquanto a casa principal era construída aos poucos. Essa casa pequena nos chamávamos de casinha e a casa grande chamávamos (desrespeitando normas gramáticas) de casão!

Meu contato com outras crianças da minha idade se restringia a aniversários, casamentos e funerais. Nas férias de fim de ano, passadas na casa de minha avó em Mogi Guaçu-SP eu também tinha oportunidade para brincar com meus primos.

Meu irmão só começou a brincar comigo quando eu fiz dois anos, pois devia ser chato pra lê brincar com uma criança to pequena que vivia quebrando os brinquedos.

E nessa idade minha personalidade estava se formando aos poucos. Eu era quieto e vivia no mundo de minha própria imaginação. Sem muita “experiência social” eu comecei a pensar que podia viver o resto de minha vida sozinho. Mas o que uma criança de quatro anos sabe da vida né?

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