quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Natal 2010 - Francisco Morato-SP
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Filhos da Corrupção # 04 - Legião
Alheio a sonhos. Alheio a acontecimentos marcados pela passagem do tempo estava um corrompido, do esquecimento, sentado em um a pedra. Sob sua cabeça um céu púrpura de nuvens negras trovejantes e dois olhos do tamanho de sois, um negro que espalhava trevas para todo lugar que focalizava sua visão e outro branco que espalhava a luz.
Abaixo da pedra um chão árido e frio que já presenciará inúmeras batalhas pelo destino do universo. Por esse mesmo chão um anjo asiático com tribais azuis pelo corpo caminhava em direção ao corrompido em cima da pedra. Esse “anjo” era um virtuoso da paz conhecido apenas como Krayamon. Em sua mão direita ele carregava uma foice com um sino preso na ponta por uma cordinha. Ele conseguia andar sem que o sino tocasse.
-- A hora está chegando – disse Krayamon para o corrompido que indiferente o contemplava de cima da pedra. – Você nem deve lembrar-se de nossa última conversa a três dias atrás não é?
-- Me lembro sim – disse o corrompido sem expressão alguma em seu rosto. Certamente porque rosto era uma coisa que corrompidos do esquecimento não possuíam desde o momento em que se tornavam entais.
-- Isso é bom. Mas como conseguiu guardar a memória? A entalhou com uma faca em seu corpo?
-- Não. Apenas estou há três dias sem dormir.
-- Gosto de ver um corrompido lutando contra sua natureza.
-- Não é isso, apenas não dormi para te poupar o trabalho de me explicar novamente tudo que queria. Claro que depois que eu dormir vou esquecer tudo isso. Tudo não passará de uma grande bobagem como a existência em si. Mas nós somos Legião e simplesmente nós não nos importamos muito.
-- Eu ainda irei entender por que você se refere a sim mesmo no plural. Bom, entalhe o nome do corrompido que deve encontrar e fazer esquecer a própria existência.
-- Você está com o colar?
-- Estou sim. Não foi fácil consegui-lo para você – disse Kraymon tirando um pequeno elefante feito de esmeralda preso em um barbante. Um colar aparentemente medíocre que emitia um brilho fascinante.
-- Com esse colar não precisarei entalhar mais nenhuma memória em meu corpo. Apenas me de e nós completaremos a missão que nós pede.
-- Por via das duvidas gostaria que estalha-se a missão mesmo assim.
-- Tudo bem – disse Legião tirando uma faca de osso da cintura e entalhando em seu braço a inscrição: apagar... – Qual o nome de minha vítima?
-- O nome de sua vítima é Drexler.
-- Considere feito – disse o corrompido entalhando Drexler em seu braço. – Considere a missão dada como cumprida.
-- Aqui está o seu colar. E lembre-se que essa missão é extremamente perigosa e difícil. Boa sorte em sua busca. – disse Krayamon após entregar o colar. Ele abriu suas asas e foi embora voando baixo. Era o começo de mais um dia 56hs e ele queria aproveitá-lo para encontrar outros que pudesse mandar atrás de Drexler. Sabia que Legião tinha uma ínfima chance de ser bem sucedido, mas era uma aposta valida e ele tinha que arriscar essa possibilidade pelo bem de todos os seres viventes do universo.
Legião, desconhecendo o tamanho da encrenca em que se encontrava fez a coisa mais sensata que alguém pode fazer quando está procurando alguém em um lugar muito grande: ele se sentou em cima de sua pedra que ficava em um lugar bem visível e esperou que Drexler viesse até ele. Poderia levar dias, meses, anos ou séculos. Mas agora ele tinha o colar esmeralda. Legião tinha todo o tempo e memória que precisava.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Filhos da Corrupção # 03 - Belioxhis
A Praça da Sé é um espaço público localizado na área central da cidade de São Paulo.
Nela localiza-se o monumento marco zero do muni-cípio: sendo que a partir daí contam-se as distâncias de todas as rodovias que partem de São Paulo, e um meio de demarcar o início da numeração das vias públicas paulis-tanas sendo o monumento um meio de fixar uma centrali-dade material na cidade.
Considerada quase um sinônimo para o Centro Ve-lho, a praça é um dos espaços mais conhecidos da cidade e foi palco de muitos eventos importantes para a história do país, como o comício das Diretas Já. O nome deve-se ao fato de a praça ter-se desenvolvido em frente à Sé da capi-tal paulista.
Originalmente conhecida como o Largo da Sé, a Pra-ça desenvolveu-se a partir da construção durante o período colonial da Igreja Matriz do município (substituída pela atual Catedral Metropolitana de São Paulo no século XX) e de uma série de edifícios ao seu redor. No início do sé-culo XX, porém, com a demolição de vários dos edifícios originais e as obras de embelezamento urbano e alterações no sistema viário, a Praça transformou-se e assim perma-neceu até a segunda metade do século.
A atual Praça é resultado de um projeto paisagístico conduzido na década de 1970 por um grupo de profissio-nais da Prefeitura de São Paulo liderados pelo arquiteto José Eduardo de Assis Lefèvre. O Metrô de São Paulo estava construindo uma estação naquele local e era neces-sário demolir todo um quarteirão, alterando radicalmente a praça e necessitado de um novo projeto.
O grupo de arquitetos foi influenciado pelos projetos paisagísticos que estavam sendo feitos naquela época na Costa Oeste dos EUA, caracterizados por um geometrismo rigoroso e pelo domínio do terreno através de um jogo de patamares, espelhos d'água ou fontes e volumes prismáti-cos de terra. Estas características aparecem integralmente no projeto final, o que gerou críticas de alguns especialistas que vêem nos espelhos d'água e no tipo de vegetação utili-zado, um incentivo à permanência de população sem-teto no local.
E era para esses sem-teto que Belioxhis olhava do al-to da Catedral. Ele estava pousado feito uma gárgula sobre a abóboda principal. Pensava consigo mesmo como os seres humanos eram patéticos.
Suas asas de plumas negras estavam bem abertas e secavam de uma fina garoa que ele tinha tomado voando para cá há alguns minutos atrás. No momento o tempo havia aberto e um belo sol brilhava no céu acinzentado de São Paulo. Mesmo com tanta claridade ninguém notava sua presença no monumento. Para Belioxhis isso era natu-ral. Ele só era visto quando queria. Podia andar livremente entre os mundanos e manifestar seus poderes entais sem que fosse notado. Até o momento ele era a única criatura sobrenatural que conhecia. Imaginava que existiam outras, mas não conseguia se lembrar de te-las criado. Comumente ele acabava rindo consigo mesmo por ser um Senhor do Universo tão relapso. Sabia que tudo fazia parte de seu plano genial, mesmo que às vezes não se lembrasse bem do que havia planejado. Mas isso não importava porque sabia que tudo acabaria da forma que ele havia desejado.
Olhou perto da fonte e viu alguns miseráveis lutaram por migalhas de pão com algumas pombas. Ao lado deli-ciou-se com uma cena típica: um pastor pregava em meio à multidão e atraia cada vez mais curiosos. Com bíblia em punho ele gritava palavras de medo e danação. Belioxhis sabia que tanta fé acabaria com alguns convertidos que iriam engrossar a fileiras de contribuintes do pastor. Ele só não se irritou com esse blasfemo que usava seu santo nome em vão porque sua dor de cabeça e olhos semi cerrados de sono não o deixavam pensar direito.
O entai de asas negras e cabelo louro ondulado che-gou a conclusão que sua impossibilidade de dormir vinha do fato de sua mente cósmica estar continuamente geren-ciando o universo, mesmo que de forma inconsciente. E com um universo desse tamanho sua cabeça não tinha muito tempo livre para dormir mesmo. Claro que às vezes ele desmaiava de cansaço e dormia por poucas horas. Esses cochilos costumavam restaurar um pouco de seu animo. Mas ultimamente eles não estavam ajudando porque ao dormir sempre era levado para a África.
Por três vezes seguidas ele sonhou com a cidade de Johanesburgo. Tentava entender o que tinha de tão impor-tante lá e no alto da catedral tentava se decidir se fazia uma pequena viagem até essa cidade. Sabia que enquanto estava manifestado na Terra em sua forma carnal ele devia respeitar algumas leis da física criadas por ele mesmo, portanto não poderia apenas desejar e aparecer no lugar. Deveria bater suas asas e ir até lá. Não que fosse um gran-de problema cruzar um oceano inteiro, ele apenas não tinha se decidido se realmente ia. Na duvida Belioxhis resolveu deixar que seu plano decidisse por ele.
Ele rolou abóboda a baixo e com as asas abertas ele pousou seu corpo magro na escadaria da catedral. Desceu os degraus pisando lentamente com suas havaianas e foi em direção ao Pastor que pregava febrilmente. As pessoas que faziam uma roda em volta do religioso foram dando passagem para Belioxhis sem entender porque o faziam já que não conseguiam vê-lo. O Senhor do Universo foi até o pastor e pegou sua bíblia, que para os olhos de todos sumiu em pleno ar. A maioria não notou, ou fingiu não notar, por estar prestando mais atenção aos discursos do pregador. Mas o Pastor notou sua bíblia sumindo e ficou mudo na hora. Olhou ao redor tentando entender o que havia acontecido. Gotas de desespero escorriam de sua testa e ele preferiu apenas abaixar a cabeça e ir embora daquele lugar.
Com a bíblia na mão Belioxhis observou o pastor ir embora e pensou: Meus servos me intrigam! Humm é, huumm. Oras! Ficam usando meu santo nome em vão, le-vam uma vida de mentiras e ao menor sinal de milagre real saem correndo como ovelhinhas sem fé. Bom, é, humm, he he. Ok. Certo! Vou abrir esse livrinho que cheira sovaco e se a mensagem for cabível eu vou ou não para Johanesburgo. Vejamos...
Mais poderoso do que o estrondo das águas impetuosas, mais poderoso do que as águas do mar, é o SENHOR nas alturas. Salmo 93:4
Belioxhis entendeu a mensagem deixada para ele por ele mesmo. Abriu suas asas e começou a voar rumo a Jo-hanesburgo.
Depois de quase oito horas seguidas de vôo, Belio-xhis estava cansado e com fome. Achava incrível ele ser tão humilde ao ponto de se permitir ter essas sensações tão mundanas. Mas isso fazia parte de suas regras e deveria, afinal, segui-las para dar o exemplo. Essas sensações o forçaram a um breve pouso de descanso em um transatlân-tico de luxo que cruzava o Atlântico. Nele ele pode des-cansar a vontade em uma espreguiçadeira a beira de uma enorme piscina. Aproveitou para saborear alguns cocktails e uma boa pratada de frutos do mar fritos. Seu nível de conforto era tão grande que ele acabou pegando no sono e dormindo algumas horas. Tempo suficiente para sonhar com seus pais mundanos. E isso era uma coisa que Belio-xhis lamentava ter feito a si mesmo: ter tido uma vida in-teira como mundano antes de se tornar entai. Sabia que era parte do plano mesmo assim era um assunto que jamais conversaria com ninguém. O jovem estudante brilhante e obcecado cuja juventude tinha sido absorvida pelo estudo obsessivo da física e cujos sentimentos eram reprimidos o enojava. Era uma imagem de si mesmo que preferia que estivesse morta até mesmo em seu inconsciente. Sabia nesse momento que estava sonhando. Seus sonhos eram sempre lúcidos e ao ver a estação de energia elétrica a sua frente ele ficou feliz. Pois graças ao seu doce beijo de e-nergia calorosa ele tinha se libertado de seu lado mundano. Realmente gostava daquela estação de força e caminhou até ela. Ficou a quatro metros de distância e contemplando a placa vermelha com a pintura de um crânio cruzado por raios ele desejou acordar. Nesse momento ele abriu seus olhos. Em cada um deles uma espiral negra girava sem parar. Com esses olhos ele contemplou as estrelas da noite recém chegada e decidiu que era hora de continuar sua viagem.
Nela localiza-se o monumento marco zero do muni-cípio: sendo que a partir daí contam-se as distâncias de todas as rodovias que partem de São Paulo, e um meio de demarcar o início da numeração das vias públicas paulis-tanas sendo o monumento um meio de fixar uma centrali-dade material na cidade.
Considerada quase um sinônimo para o Centro Ve-lho, a praça é um dos espaços mais conhecidos da cidade e foi palco de muitos eventos importantes para a história do país, como o comício das Diretas Já. O nome deve-se ao fato de a praça ter-se desenvolvido em frente à Sé da capi-tal paulista.
Originalmente conhecida como o Largo da Sé, a Pra-ça desenvolveu-se a partir da construção durante o período colonial da Igreja Matriz do município (substituída pela atual Catedral Metropolitana de São Paulo no século XX) e de uma série de edifícios ao seu redor. No início do sé-culo XX, porém, com a demolição de vários dos edifícios originais e as obras de embelezamento urbano e alterações no sistema viário, a Praça transformou-se e assim perma-neceu até a segunda metade do século.
A atual Praça é resultado de um projeto paisagístico conduzido na década de 1970 por um grupo de profissio-nais da Prefeitura de São Paulo liderados pelo arquiteto José Eduardo de Assis Lefèvre. O Metrô de São Paulo estava construindo uma estação naquele local e era neces-sário demolir todo um quarteirão, alterando radicalmente a praça e necessitado de um novo projeto.
O grupo de arquitetos foi influenciado pelos projetos paisagísticos que estavam sendo feitos naquela época na Costa Oeste dos EUA, caracterizados por um geometrismo rigoroso e pelo domínio do terreno através de um jogo de patamares, espelhos d'água ou fontes e volumes prismáti-cos de terra. Estas características aparecem integralmente no projeto final, o que gerou críticas de alguns especialistas que vêem nos espelhos d'água e no tipo de vegetação utili-zado, um incentivo à permanência de população sem-teto no local.
E era para esses sem-teto que Belioxhis olhava do al-to da Catedral. Ele estava pousado feito uma gárgula sobre a abóboda principal. Pensava consigo mesmo como os seres humanos eram patéticos.
Suas asas de plumas negras estavam bem abertas e secavam de uma fina garoa que ele tinha tomado voando para cá há alguns minutos atrás. No momento o tempo havia aberto e um belo sol brilhava no céu acinzentado de São Paulo. Mesmo com tanta claridade ninguém notava sua presença no monumento. Para Belioxhis isso era natu-ral. Ele só era visto quando queria. Podia andar livremente entre os mundanos e manifestar seus poderes entais sem que fosse notado. Até o momento ele era a única criatura sobrenatural que conhecia. Imaginava que existiam outras, mas não conseguia se lembrar de te-las criado. Comumente ele acabava rindo consigo mesmo por ser um Senhor do Universo tão relapso. Sabia que tudo fazia parte de seu plano genial, mesmo que às vezes não se lembrasse bem do que havia planejado. Mas isso não importava porque sabia que tudo acabaria da forma que ele havia desejado.
Olhou perto da fonte e viu alguns miseráveis lutaram por migalhas de pão com algumas pombas. Ao lado deli-ciou-se com uma cena típica: um pastor pregava em meio à multidão e atraia cada vez mais curiosos. Com bíblia em punho ele gritava palavras de medo e danação. Belioxhis sabia que tanta fé acabaria com alguns convertidos que iriam engrossar a fileiras de contribuintes do pastor. Ele só não se irritou com esse blasfemo que usava seu santo nome em vão porque sua dor de cabeça e olhos semi cerrados de sono não o deixavam pensar direito.
O entai de asas negras e cabelo louro ondulado che-gou a conclusão que sua impossibilidade de dormir vinha do fato de sua mente cósmica estar continuamente geren-ciando o universo, mesmo que de forma inconsciente. E com um universo desse tamanho sua cabeça não tinha muito tempo livre para dormir mesmo. Claro que às vezes ele desmaiava de cansaço e dormia por poucas horas. Esses cochilos costumavam restaurar um pouco de seu animo. Mas ultimamente eles não estavam ajudando porque ao dormir sempre era levado para a África.
Por três vezes seguidas ele sonhou com a cidade de Johanesburgo. Tentava entender o que tinha de tão impor-tante lá e no alto da catedral tentava se decidir se fazia uma pequena viagem até essa cidade. Sabia que enquanto estava manifestado na Terra em sua forma carnal ele devia respeitar algumas leis da física criadas por ele mesmo, portanto não poderia apenas desejar e aparecer no lugar. Deveria bater suas asas e ir até lá. Não que fosse um gran-de problema cruzar um oceano inteiro, ele apenas não tinha se decidido se realmente ia. Na duvida Belioxhis resolveu deixar que seu plano decidisse por ele.
Ele rolou abóboda a baixo e com as asas abertas ele pousou seu corpo magro na escadaria da catedral. Desceu os degraus pisando lentamente com suas havaianas e foi em direção ao Pastor que pregava febrilmente. As pessoas que faziam uma roda em volta do religioso foram dando passagem para Belioxhis sem entender porque o faziam já que não conseguiam vê-lo. O Senhor do Universo foi até o pastor e pegou sua bíblia, que para os olhos de todos sumiu em pleno ar. A maioria não notou, ou fingiu não notar, por estar prestando mais atenção aos discursos do pregador. Mas o Pastor notou sua bíblia sumindo e ficou mudo na hora. Olhou ao redor tentando entender o que havia acontecido. Gotas de desespero escorriam de sua testa e ele preferiu apenas abaixar a cabeça e ir embora daquele lugar.
Com a bíblia na mão Belioxhis observou o pastor ir embora e pensou: Meus servos me intrigam! Humm é, huumm. Oras! Ficam usando meu santo nome em vão, le-vam uma vida de mentiras e ao menor sinal de milagre real saem correndo como ovelhinhas sem fé. Bom, é, humm, he he. Ok. Certo! Vou abrir esse livrinho que cheira sovaco e se a mensagem for cabível eu vou ou não para Johanesburgo. Vejamos...
Mais poderoso do que o estrondo das águas impetuosas, mais poderoso do que as águas do mar, é o SENHOR nas alturas. Salmo 93:4
Belioxhis entendeu a mensagem deixada para ele por ele mesmo. Abriu suas asas e começou a voar rumo a Jo-hanesburgo.
Depois de quase oito horas seguidas de vôo, Belio-xhis estava cansado e com fome. Achava incrível ele ser tão humilde ao ponto de se permitir ter essas sensações tão mundanas. Mas isso fazia parte de suas regras e deveria, afinal, segui-las para dar o exemplo. Essas sensações o forçaram a um breve pouso de descanso em um transatlân-tico de luxo que cruzava o Atlântico. Nele ele pode des-cansar a vontade em uma espreguiçadeira a beira de uma enorme piscina. Aproveitou para saborear alguns cocktails e uma boa pratada de frutos do mar fritos. Seu nível de conforto era tão grande que ele acabou pegando no sono e dormindo algumas horas. Tempo suficiente para sonhar com seus pais mundanos. E isso era uma coisa que Belio-xhis lamentava ter feito a si mesmo: ter tido uma vida in-teira como mundano antes de se tornar entai. Sabia que era parte do plano mesmo assim era um assunto que jamais conversaria com ninguém. O jovem estudante brilhante e obcecado cuja juventude tinha sido absorvida pelo estudo obsessivo da física e cujos sentimentos eram reprimidos o enojava. Era uma imagem de si mesmo que preferia que estivesse morta até mesmo em seu inconsciente. Sabia nesse momento que estava sonhando. Seus sonhos eram sempre lúcidos e ao ver a estação de energia elétrica a sua frente ele ficou feliz. Pois graças ao seu doce beijo de e-nergia calorosa ele tinha se libertado de seu lado mundano. Realmente gostava daquela estação de força e caminhou até ela. Ficou a quatro metros de distância e contemplando a placa vermelha com a pintura de um crânio cruzado por raios ele desejou acordar. Nesse momento ele abriu seus olhos. Em cada um deles uma espiral negra girava sem parar. Com esses olhos ele contemplou as estrelas da noite recém chegada e decidiu que era hora de continuar sua viagem.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Prefeitura de São Paulo lança edital que inclui projetos culturais envolvendo Mestres de RPG remunerados
Como aconteceu com o rádio, a televisão, o videogame e a fita adesiva dupla face, o RPG enquanto podia ser chamado de “novidade” foi demonizado e decretado como a mais nova fonte da inevitável corrupção absoluta de nossas criançinhas. Então o jogo foi deixando de ser novidade e todos viram que ele não iria dizimar a civilização. O RPG deixava de ser um “culto” e passava a ser apenas “cultura”! E quem tem medo de cultura, hein?
O governo é que não tem! Quem for fuçar no site da prefeitura de São Paulo descobrirá, na área dedicada ao sistema de biblitoecas, um edital delineando os parâmetros para a inscrição de interessados em desenvolver projetos culturais nas bibliotecas públicas de São Paulo. A grande notícia é que o RPG aparece como um tipo válido de projeto! E não falo aqui da existência de uma chance para enfiar uma aventurazinha para algumas crianças, de leve, em um evento dedicado a “contar histórias”, justificando tudo com o uso inteligente da palavra “interatividade”. O Edital fala em RPG mesmo, dividindo a atividade, inclusive, entre jogos de mesa e live action. E os narradores seriam remunerados!
Os responsáveis pelo projeto e pelo edital realmente sabem do que estão falando e enxergam seu potencial educativo e cultural a ponto de não apenas permitirem, mas incentivarem de modo concreto (com dinheiro) a prática do jogo de RPG. Quando o governo inclui o jogo em sua programação cultural e nos paga para apresentá-lo ao público, podemos dizer que manifestações futuras de preconceito poderão ser reveladas rapidamente como mera ignorância em ação, não mais ganhando o status de “polêmica” e muito menos de manchete.
De acordo com o edital, um mestre receberia 500 reais por “apresentação”, sendo 100 reais extras pagos por cada participante extra no trabalho de apresentar o jogo, até o máximo de 700. Uma sessão de Live pode render até 800. A carga horária total seria de 12 horas para os jogos de mesa ou 6 horas para aqueles no estilo Live Action. Confira mais detalhes lendo o edital completo aqui.
Dedico humildemente este post para todos aqueles que jogavam RPG na época em que o jogo causou mais polêmica, figurando na mídia como bixo-papão de psicólogos infantis ou “causador de crimes envolvendo rituais satânicos.” O dia em que o inferno congelou está finalmente aqui! E falo isso com a liberdade de escrever “RPG” e “INFERNO” na mesma frase!
por RF Victor
sábado, 17 de julho de 2010
Memórias - Um passeio breve como a vida -
terça-feira, 29 de junho de 2010
Filhos da Corrupção # 02 - Skiter
Skiter não era o tipo de cara complicado, não que sua vida fosse simples, ele apenas tentava levar as coisas da forma mais fácil possível. No momento ele se escondia em um beco da Rua Augusta em São Paulo. Em meio a um desfile de garotas de programa que se ofereciam para os motoristas que “acidentalmente” passavam por ali, ele contava o dinheiro de seu último roubo.
– Xá eu ver ixu. Deis, quinze e – disse ele em voz alta enquanto contava as moedinhas. – trinta e xincu xentavus. Bom axu qui da pra cume um big tasti com batatinha e um copão de refri.
Ele jogou a carteira recém adquirida em uma caçamba de lixo, enfiou o dinheiro amassado no bolso de sua calça jeans imunda e começou a andar no meio de prostitutas, drogados e traficantes com um sorriso de satisfação no rosto. Ninguém o incomodava por ele se adequar ao cenário. Um punk com cabelo espetado que pareciam muito com chifres. Ele tinha acabado de completar dezoito anos. Além da calça vestia um coturno preto cheio de rebites de aço e usava um colete preto de couro sem camisa. Seu corpo era esbelto e tinha músculos definidos. Não era forte, mas tinha o típico biótipo de corredores de maratona. Alias correr era com ele mesmo. Desde que tinha passado a viver nas ruas ele se especializou em bater carteiras e sair correndo o mais rápido possível sem olhar para trás.
Adorava aquela cidade e o caos que era viver nela. Adorava mais ainda ter tido aquela overdose que abrira sua mente. Como eu era limitado! Pensava enquanto caminhava e visualizava o grande “M” brilhando a poucos quarteirões.
Quando ele finalmente chegou até a lanchonete percebeu que estava no alto de uma montanha de pedras. Não havia mais lanchonete, pessoas ou até mesmo noite. Era um final de tarde e se Skiter tivesse prestado atenção, em algum momento de sua vida, nas aulas de geografia teria percebido que a estava em meio a uma savana africana. Mesmo assim o cenário lhe era familiar. Com um suspiro de frustração ele se sentou em uma beirada da montanha e ficou admirando a paisagem que só conseguia lhe fazer lembrar do desenho do Rei Leão.
–Ocha! Qui xacu! Maixis uma veiz sonhando com exi lugar – seu comentário em voz alta foi interrompido por uma voz estrondosa que ecoou por toda paisagem. Ela era forte, densa e se fosse colocada em uma balança certamente teria peso. Na linguagem natural, conhecida apenas pelos mortos e pelos entais, ela disse:
“O fim está próximo. Um grande mal em breve ira assolar todos os mundos. Você deve vir até mim antes que seja tarde demais.”
As palavras entraram pelos ouvidos de Skiter como pregos. Sua cabeça começou a latejar e antes da dor se tornar insuportável ele viu uma placa de metal brotar violentamente da terra árida em sua frente. Nela estava escrito Joanesburgo.
Ele se levantou assustado do colchão. Olhou ao seu redor e viu que ainda era noite. Não lembrava de nenhuma das moças que dormiam ao seu lado. Devia estar bem alto quando as encontrou. Elas queriam drogas e tudo que ele queria era não passar mais uma noite sozinho e ter esses malditos pesadelos. Tudo em vão.
Olhou em volta e viu que todos os mendigos dormiam tranqüilos na antiga estação de metro abandonada. Ela ficava em uma zona pouco movimentada da Vila Guilherme em São Paulo. Iniciada no começo dos anos 80 essa obra foi planejada para cruzar todo o centro de São Paulo e ir até o limite sul da cidade. Infelizmente depois de uma licitação fraudulenta e uma obra superfaturado o projeto acabou sendo abandonado e deixado de lado. Quando o secretário de transportes foi preso ele alegava apenas que um sonho o havia obrigado a construir uma estação naquele lugar. Ele tentou alegar insanidade mas para abafar a opinião pública ele foi condenado e preso em prisão comum. Os demais envolvidos com a obra preferiam lacrar a primeira estação feita e ignora-la.
Mas em poucos meses os sem tento conseguiram abrir buracos nos tapumes de madeira e cortar as portas de aço do lugar. Assim nascia mais um buraco fedorento e escuro que as autoridades preferiam ignorar. Mas era esse lugar que Skiter chamava de lar.
Sua vontade era de continuar vivendo sua rotina tranqüila, mas aqueles sonhos constantes não o deixavam dormir. O pior era que eles estavam ficando cada vez mais agressivos e interrompiam seu sono cada vez mais cedo. Olhou no relógio de pulso de uma das meninas que estavam junto com ele em seu colchão esfarrapado e no brilho verde do visor digital viu 03:30am. Para quem tinha ido dormir às duas horas da manhã era cedo demais. Ele vestiu a primeira calça jeans que encontrou de sua pilha de roupa suja, colocou uma jaqueta e foi para a rua. A madrugada o ajudaria a pensar melhor. Andando por ruas desertas, que em poucas horas estariam lotadas de pessoas, ele pensou, pensou, começou a ter dor de cabeça, bocejou de sono, pensou mais um pouco, sentou em um banco perto de uma banca de jornal fechada e concluiu que pensar não era seu forte nem de madrugada. Riu de si mesmo e esperou.
Quando a banca de revistas abriu, ele fez a única coisa que sabia quando estava perdido. Perguntou para o dono da banca como chegar.
– Ixu mesmu! Eu queru ir pra exa tal de Joanasburgo!
– Joanesburgo? – perguntou o solicito dono da banca não querendo confusão com um punk logo cedo. Eles tinham a tendência nada agradável de ficar irritados fácil e começar a quebrar as coisas.
– Ixu! Ixu! Pronde fica?
– No continente Africano. África do Sul.
– Oxe num ajudo muito! Aponta o lado pra mim.
Segurando uma risada o dono da banca apontou pra qualquer lado. Skiter agradeceu e foi embora.
Muitas paradas em bancas depois, Skiter tinha entendido que não ia conseguir chegar a pé no lugar e resolveu pegar um avião. Sabia que não tinha dinheiro para pagar uma passagem, mas também sabia que ninguém ia velo entrando no compartimento de bagagem do avião.
Um dos poderes entais que tinha manifestado era o de se mover com extrema velocidade. Era tão rápido que não conseguia fazer coisas muito precisas, mas era suficiente para correr em uma velocidade que o tornava invisível aos olhos mundanos. Esse poder também era muito útil quando ele tinha que brigar com algum segurança de boate. Vários socos indefensáveis em uma fração de segundos era eficiente até contra brutamontes enormes.
Sem maiores dificuldades, Skiter invadiu o aeroporto de Guarulhos e entrou sem ser visto no compartimento de bagagens de um avião que ia para Joanesburgo. Esse fato em si já foi um feito maior do que passar pela segurança e entrar no avião. Entrar no avião correto foi um misto de sorte e de muitas perguntas para os funcionários do aeroporto. Skiter não era burro, mas também não era lá muito esperto. Agia sempre por impulso e norteado pelo que achava ser o certo a fazer no momento. Claro que sua orientação de certo ou errado também mudava conforme a situação. Caos era a corrupção que o definia.
Dentro do compartimento de bagagens do avião ele percebeu que o mesmo começava a levantar vôo. Ainda não sabia ao certo como descobriria já ter chegado ao seu objetivo, mas no momento sua maior preocupação era o frio que começava a tomar conta do lugar. Preocupado em pegar um resfriado (sim, Skiter não tinha grandes preocupações na vida), ele começou a abrir algumas bagagens e por sorte achou vários agasalhos pesados e se vestiu com blusas, luvas e um gorro vermelho que foi furado pelos seus chifres.
Ele se aconchegou em um canto escondido, se cobriu com outros agasalhos e pegou no sono.
Em seu sonho Skiter pela primeira vez não viu a paisagem africana. Era como se o fato de estar indo para o lugar real tivesse lhe dado uma folga mental. Infelizmente outro pesadelo substituiu o pesadelo rotineiro.
Em seu mundo onírico ele ainda era uma criança de cabelo preto lambido. Vestindo um terninho de colégio tradicional ele estava em uma sala de espera do escritório de seu pai. Seus pés mal tocavam o chão e ele tentava se distrair olhando para o relógio cuco que nunca saia de sua casinha quando ele estava olhando. Mas focar no antigo relógio cuja casca era esculpida em pau-brasil o fazia ignorar um pouco os berros de seus pais que brigavam no escritório. Seu pai xingava sua mãe de vagabunda e a acusava de dormir com seu contador. Quando criança Skiter se abalava mais pelos gritos e pelo som de objetos sendo quebrados, porque não entendia como podia ser ruim sua mãe dormir com o contador. Ele mesmo já tinha dormido com várias outras crianças quando freqüentava a creche e nunca tinha visto isso como algo ruim. Mas quando cresceu tinha entendido que sua mãe era infiel e não perdia uma única oportunidade de trair seu pai. De certa forma ele até a entendia, já que seu pai era extremamente frio e cruel. Ele nunca lhes dirigia palavras amáveis e baseava todo seu tempo em ganhar dinheiro vendendo vereditos. Para o Juiz Carlos Montenegro a justiça era apenas uma forma de se ganhar mais dinheiro.
O cuco não saia do relógio e o pesadelo parecia não ter fim. Os gritos foram acabando e quando Skiter viu ele já era adulto e tudo a sua volta tinha envelhecido. A madeira do relógio já estava podre. Os ponteiros haviam parado. A pintura das paredes estava descascada e tudo tinha aparência de abandono. Seu pai saiu de seu escritório com pressa sem olhar para ele. Skiter se levantou, caminhou até o escritório de seu pai e viu sua mãe caída no chão com uma antiga adaga cravejada de diamantes, que seu pai usava para abrir cartas, enfiada nas costas. Skiter sentou ao lado dela contemplativo e perguntou:
– Foi axim mesmu qui acontesseu?
– Ou talvez você tenha me encontrado enforcada na garagem – respondeu o cadáver de sua mãe se sentando. Um fio de sangue escorria pelo canto de sua boca cheia de batom vulgar. – Memórias não são confiáveis não é mesmo?
– Ainda maiss em sonhos – disse Skiter tendo consciência de estar em um raro sonho lúcido. Eu só sei que voche morreu e eu fugi de casa ou que voche morreu porque eu fugi de casa por não agüentar mais as briga de voches.
– Vai saber não é? Mas você ter virado menino de rua piorou bem sua fala não é meu querido?
– Xabe como é, nas rua eu num tinha fonodiabola.
– Mas droga tinha bastante né?
– Ixu tinha mesmu, mas num é depois de morta que oche vai se preocupar cumigu né? – disse Skiter enquanto se levantava.
– Só mais uma coisa meu querido.
– Uque?
– Os filhos alteram seus pais tanto quanto.
Skiter acordou logo após a última frase de sua mãe. No momento ela não lhe fez muito sentido, mas ela ficou gravada fortemente em seu inconsciente.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
quarta-feira, 5 de maio de 2010
RPG DE FANTASIA MEDIEVAL (Sistema APCE)
sábado, 24 de abril de 2010
Lançamento do Livro "Guardião dos Mundos" - 24-12-2010
Ladys no coffe break do lançamento
João Paulo, futuro jogador de RPG
Mariana, uma das gentis funcionárias da Nobel comprando meu livro.
Tainan pegando mais doque um autógrafo
Elaine garantindo a leitura futura de seu filho João Pedro
Lila (dona da Nobel) Além de organizar o evento ela ainda comprou um livro.
Lila sorridente
O livro
O autor do livro.
Márcio, um amigo que eu não via a mais de 13 anos veio prestigiar o lançamento.
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segunda-feira, 29 de março de 2010
Filhos da Corrupção # 01 - Prisioneira
FILHOS DA CORRUPÇÃO
Por Adriano Miossi
Por Adriano Miossi
Introdução ao universo de Entai
Em um tempo imemorial, dois universos, VIRTUE e AVITAE, tinham chegado ao máximo de suas evoluções. Seus povos tinham se tornado uma única energia cósmica de quase total sabedoria. Mas para ambos faltava A RESPOSTA, o motivo de suas existências. Seus níveis de sabedoria eram tão altos que um poder cósmico maior foi à presença de cada um deles e fez A PROPOSTA:
“Vocês devem enviar, cada um, um exército constituído de almas ainda não nascidas e evoluídas para um mundo que criarei. Esse mundo se chamara Zênite. E nele seus exércitos combaterão cada qual lutando pela conquista de dez marcos de poder a serem definidos. O universo que tiver o exército que conseguir conquistar os dez marcos será vitorioso e receberá a resposta. E o universo derrotado deixará de existir.”
Os dois universos aceitaram a proposta e se uniram para criar o terceiro universo. Da união de Virtue e Avitae nasce ARTUEN. Nesse novo universo, surgiram seres de alma primitiva que estavam longe do nível de elevação de seus criadores.
Milhares de anos após a sua criação, Artuen começou a evoluir e as primeiras formas de vida começam a surgir. Mesmo primitivas essas formas de vida tinham almas. E, ao morrerem, essas almas iam para Zênite onde se enfrentavam pelos marcos de poder até morrerem e reencarnarem em Artuen como um novo ser, mais evoluído ou não.
Com o tempo, as almas de Artuen foram avançando até o ponto do surgimento dos primeiros seres racionais. Esses seres racionais eram perfeitos para a guerra que estava sendo travada em Zênite. Guerra esta que se estendia indefinidamente devido a um equilíbrio constante de forças. Basicamente, as almas puras e boas eram recrutadas para lutar ao lado de Virtue e as malévolas e serviam Avitae.
Devido ao equilíbrio, ambas as dimensões esperavam que algo diferente acontecesse em Artuen e que esse algo fosse um diferencial que favorecesse um dos dois universos.
O diferencial ocorre quando um ser humano do planeta Terra tem uma experiência a beira da morte e se torna um entai relembrando do período em que lutou em Zênite por Virtue. Esse ser humano foi chamado de “Cristo”. A lenda é confusa e não se sabe ao certo se esse foi realmente o primeiro entai. Existem fortes especulações que os entai começaram muito tempo antes de Cristo, mas devido a falta de provas e do conhecimento de entais mais velhos, a teoria do Cristo é aceita pela maioria. O primeiro virtuoso queria acabar com a guerra de Virtue e Avitae. Para isso começou a espalhar paz e harmonia por onde passava para tentar purificar o maior número de almas possível e com isso fortalecer os exércitos de Virtue. Avitae, sentindo-se em desvantagem, encontra um entai recém iluminado chamado “Judas” e com ele consegue pôr um fim no profeta de Virtue. Mas Judas se arrepende de sua traição e se torna inútil para Avitae.
Ambos enxergaram que o diferencial era a influência que deveriam exercer sobre os seres humanos do universo de Artuen. Só que não podiam influenciar diretamente, pois as almas tinham o direito do livre arbítrio. Como saída, iam influenciando os entais para espalharem suas virtudes e corrupções pela Terra.
Esses entais não eram humanos comuns, pois ao relembrarem o tempo em que guerreavam em Zênite, automaticamente manifestavam os incríveis poderes de batalha que utilizavam na guerra. Esses poderes vêm de Virtue ou Avitae e se manifestam nesse universo através da Aura de cada um dos entais. A aparência de um entai é igual à de um ser humano comum (exceção para alguns corrompidos e virtuosos), exceto pelas asas de pássaro (Virtue) ou insetos e morcegos (Avitae) que podem brotar de suas costas assim que desejaram. Essas asas devem ter relação com a aparência dos povos antigos de Virtue e Avitae.
Antigamente, os entais eram chamados de anjos (servos de Virtue) ou demônios (servos de Avitae) e exerciam suas influências das mais variadas formas.
Mas o universo de Artuen tinha evoluído e já não era uma simples criancinha passiva aos caprichos de seus pais. E, a partir do inconsciente dos povos de cada planeta, cria uma entidade de imenso poder chamada CRENÇA. Essa entidade tem um aspecto diferente e segue princípios diferentes em cada planeta e representa sempre a vontade da maioria dos seres racionais. Na terra e ela fez com que as pessoas do deixassem de acreditar em “anjos” e “demônios”, fazendo com que os humanos recuperassem o total livre arbítrio. E por um longo período, os seres humanos não mais se tornaram entais fazendo com que a guerra entre Virtue e Avitae voltasse a se equilibrar estaticamente.
Cem anos depois, a alma parecia ter evoluído um pouco mais. Algumas pessoas, aquelas que experimentavam uma experiência à beira da morte, surtassem com entorpecentes, encontrassem a iluminação espiritual ou que sofressem de perturbações mentais graves se tornavam entais. Os primeiros entais foram os mais desamparados de todos, pois tiveram que entender, sem enlouquecer, todo o conhecimento que haviam obtido. Esses primeiros entais começaram a encontrar na Terra artefatos de imenso poder enviados por Virtue e Avitae para que a guerra continuasse aqui em Artuen. Esses artefatos eram feitos no mundo de Téris e enviados para cá de forma desconhecida. Antes de Crença perceber os planos de Virtue e Avitae, ambas conseguiram enviar, cada quais dez mil artefatos que foram espalhados pela Terra à espera de futuros utilizadores.
Quando Crença percebeu o que estava acontecendo, automaticamente, ela impediu que mais artefatos fossem mandados.
Um milênio se passou depois disso e estamos no século 21. Muitos entais surgiram conforme o crescimento global. Estima-se que atualmente exista 1 entai para cada 10.000 habitantes.
A guerra mais importante entre Virtue e Avitae está sendo travada aqui na Terra. Por entais solitários ou que pertencem a alguma seita. A resolução do conflito aqui definirá quem será o vencedor em Zênite. Hora a balança pende para um lado, hora pende para outro. Mas uma definição se aproxima.
1 - Prisioneira
Normalmente seria difícil se sentir triste quando se está em um uma sala cor de rosa com papel de parede das Meninas Super Poderosas. Mesmo assim Beatriz chorava por não se lembrar o que exatamente tinha ocorrido para que ela chega-se naquele lugar. Ela tinha vagas lembranças sobre um homem de rosto desfigurado. Seus olhos frios, tortos e de cores desiguais. Lembrava o que tinha acontecido enquanto estava no parque de diversões. ELE estava lá! Ela se lembrava da presença dele mesmo que breve, mas isso parecia ter acontecido há anos atrás. Foi tudo tão estranho, rápido e violento. E agora que estava nessa sala ela preferiu desviar o pensamento dessas memórias, pois elas aumentavam ainda mais sua depressão. Mas lembrar o antes não explicava o agora.
De inconsciência ela passou para a consciência e tudo que viu foi àquelas paredes com sufocantes temas infantis. Não havia janelas e a única porta era ferro reforçado. Parecia uma porta de prisão de segurança máxima, só que pintada de rosa. Ela tentou abrir a porta, mas estava trancada. Se ela não fosse apenas uma moça de corpo mediano talvez ela conseguisse arrebentar a porta com um chute. A lâmpada fluorescente do teto iluminava demais e incomodava seus olhos. Ela pensou em quebrá-la usando uma das almofadas felpudas que se espalhavam pelo tapete cor de rosa da sala. Mas imaginou que se seu seqüestrador voltasse ela iria preferir encara-lo de frente com iluminação e não com sua visão debilitada.
Para sua surpresa nada acontecia. Ela batia na porta, gritava, berrava e nenhuma resposta era obtida. Talvez estivessem tentando deixa-la louca. Mas isso não funcionária. Ela já tinha passado por situações suficientes para enlouquecer qualquer um.
Há oito anos atrás, quando ela era apenas uma adolescente, foi atacada por uma gangue na frente de seu melhor amigo e quase morreu nesse ato de extrema violência. Essa experiência a fez transcender e ela acabou se tornando uma entai da tristeza. A partir desse dia sua vida nunca mais foi à mesma. Seu melhor amigo chamado Daniel também passou pela mesma experiência de quase-morte e também se tornou um entai. Juntos com outro amigo que descobriram também ser um entai, chamado Johny eles se uniram sob a tutoria de um experiente virtuoso do conhecimento chamado Gabriel e viveram as mais perigosas e inimagináveis aventuras na Terra e em outros mundos de nosso universo. Tudo isso culminou em um grande torneio, no melhor estilo dos antigos gladiadores romanos, onde o destino de toda Terra e até mesmo do próprio universo seria decidido pelos mais poderosos entais de nosso planeta. Nesse torneio Johny se sacrificou para que pudessem por o plano de derrotar o idealizador do mesmo: Drexler, o corrompido da loucura e general da Seita Shakan. No final o plano foi quase bem sucedido, pois Drexler se matou para não ser destruído permanentemente. Temporariamente seu mal estava contido. Depois desse dia ela nunca mais viu Daniel, pois Gabriel, antes de deixar de existir o havia incumbido de uma importante tarefa que o afastaria para sempre dela. Depois de tudo isso não era uma simples salinha que ia enlouquecê-la. Certamente que não.
Por longas horas ela se encolheu em um canto oposto a porta. Ficou agarrada a uma almofada e chorou baixinho, mas ia mantendo o controle. Sem muita noção do tempo tinha percebido que começava a sentir fome e frio. Fome por não conseguir lembrar da ultima coisa que tinha comido. Será que tinha sido sopa de legumes? Frio porque estava vestindo apenas uma calcinha e uma camisola de seda lilás. Apenas seus longos cabelos a ajudavam a se aquecer. Isso fazia com que seu sentimento de carência aumenta-se ainda mais.
Cansada de chorar e de tentar entender o que estava acontecendo ela caiu no sono. Ao acordar viu perto da porta um balde e uma bandeja com comida e água. O balde ela imaginou a utilidade quando percebeu que estava com vontade de urinar e a comida foi recebida sem animo mas com muita fome. A comida era um pouco de carne, pedaços de pão e alguns vegetais. Parecia ter sido preparado por alguém sem nenhuma habilidade culinária. Depois de comer percebeu que essa seria sua rotina por muito tempo. Podem chamar de intuição feminina.
Beatriz já tinha perdido a noção do tempo. Talvez já houvessem passado duas ou três semanas. Várias vezes ela tentou fingir estar dormindo para surpreender a pessoa que estava deixando-a cativa. Se ela pudesse apenas vê-lo ela o faria lamentar ter existido. Literalmente! Como uma corrompida do esquecimento ela tinha desenvolvido a capacidade de deprimir qualquer um fazendo com que o mesmo lembra-se de momentos dolorosos e paralisantes de suas vidas. Também podia abrir suas asas de borboleta e fascinar o alvo. Seja lá o que fizesse ela teria uma chance de fugir daquele lugar. Mas ela não tinha conseguido ficar acordada uma única vez! Ela já estava começando a suspeitar que talvez estivessem liberando algum tipo de gás do sono pela saída de ar que ficava em uma das paredes. Tinha que ser isso pensava! Porque a cada três dias que acordava ela parecia ter sido lavada! Alguém estava lhe dando banho enquanto dormia. A idéia de ter alguém tocando seu corpo nu simplesmente a deprimia ainda mais. Sentia-se um bichinho em uma jaula a mercê dos caprichos de um algoz desconhecido.
Ela pensou que seria interessante tampar a saída da ventilação com as almofadas. Começou a fazê-lo, mas lembrou que com isso não teria como respirar, pois a porta não tinha frestas, e parou desanimada. Plano idiota pensava consigo mesma. Mas colocando a mão na saída de ar percebeu que vinha uma brisa gelada pelo mesmo. Bom, se ela precisava de refrigeração era sinal que estava em um lugar quente ou até mesmo em um local subterrâneo que necessitava de ventilação.
Ficar pensando em uma forma de escapar fez com que ela se distraísse por algumas horas. Inevitavelmente ela se lembrou do fato simples que a atormentara: fugir de lá para que?
Beatriz tinha vivido os últimos sete anos usando a máscara amarela de uma amiga morta e jurado continuar o trabalho da mesma. Trabalho esse que a fazia caçar entais que abusavam de seus poderes nas ruas de São Paulo. Ela estava seguindo a loucura de outra pessoa. Uma forma de fugir da realidade. Isso estava funcionando até ela aparecer nesse maldito lugar e ser posta a rever toda sua vida novamente, e essa é a pior coisa que pode ocorrer com um corrompido da tristeza.
Ela começou a se lembrar de sua infância e dos abusos que sofrera de seu próprio pai. Lembrava-se de seus amigos de primário sendo torturados pelo mesmo em sua oficina. Pensava no dia em que havia sido adotada por um feliz casal, logo após a morte de seu pai. Seus pais adotivos a fizeram enxergar um mundo mais feliz. Sentia falta deles. Porém se sentia culpada por sentir mais falta de seu amigo Daniel. O que ele estaria fazendo? Não sabia a resposta para essa pergunta e dormiu pensando nela.
Ao acordar se sentia fraca. Fraca por ainda não ter tido uma boa idéia para sair de lá. Se tivesse o otimismo memorável de Daniel ou a coragem de Johny, certamente não estaria mais naquele cativeiro. Nesse momento ela se lembrou das diversas vezes que Daniel utilizou sua aura para aumentar sua força física e pensou que poderia fazer o mesmo! Ela se concentrou e começou a sentir um calor que saia de seu âmago e se espalhava pelo corpo. Sentiu essa energia sobrenatural, que se origina de nossas almas, aumentar sua circulação sanguínea e inflar seus músculos. De mulher mirrada ela se tornou uma amazona musculosa que deixaria uma fisiculturista com inveja. Ela olhou sem muito animo para o próprio corpo e apenas pensou se aquilo seria suficiente contra uma porta de ferro. Ela fechou um punho e bateu com toda a força na porta!
-- Bati! – disse o horripilante cavaleiro de armadura negra ao mostrar suas cartas para seu rival. – Não fique assim Antonius! Não da pra se vencer todas não é mesmo? Nhá nhá nhá nhá nhá! – riu a decrepita criatura enquanto puxava um monte e feijões para perto de si.
O estranho jogo de cartas acontecia em uma mesa de madeira quadrada. Ela tinha uma perna a menos e parava em pé graças a um cabo de vassoura quebrado que substituía a ausente. O cenário era um enorme galpão que poderia estar tanto em um estaleiro quanto em um aeropoto. Mas pelo fato dele ter apenas um contêiner não era sinal dele estar sendo usado por mais ninguém além daqueles dois senhores que poderiam estrelar, cada um, uma franquia própria de filmes de horror.
O que havia acabado de ganhar o jogo de cartas usava uma armadura negra quase completa. Ela não protegia apenas os braços, cochas e abdome. Nessas partes onde ela era ausente era possível ver que a criatura que a vestia era destituída de carne. Um esqueleto animado de um metro e secenta e cinco vestia a armadura que ficava meio desengonçada em seu corpo pela falta de carne para ela se acomodar corretamente.
Seu rival por outro lado tinha bastante carne. Em seus dois metros e vinte de altura Antonius era o que se podia chamar de brucutu de academia. Ele usava uma calça de lutador preta e folgada. Duas botas que eram amarradas na altura dos joelhos e uma camiseta regata branca. Em sua cintura havia um cinturão prateado de campeão de boxe datado de 1921 com o nome Walter H. Liginger. E porque ele poderia estrelar um filme de terror? Pelo simples fato de sua cabeça ser desprovida de pele e de muitos músculos faciais. Foi possível ver seus poucos músculos do rosto se contorcerem de raiva quando o esqueleto de armadura o venceu no jogo de cartas.
-- Ora! Como é possível! Já é a décima vez seguida que você bate Mitrax! Desse jeito acho que eu vou ter que bater em você para o jogo ficar mais interessante! – disse Antonius batendo com um punho na mesa e fazendo-a desmontar no chão com as três pernas e cabo de vassoura quebrados. As cartas se esparramaram pelo piso sujo do galpão e os feijões rolaram para todo lado.
-- Mal perdedor! É isso que você é! – disse Mitrax ficando de pé e enfrentando o gigante, que sentado tinha sua altura, olho no olho. – Se quiser a gente resolveu tudo aqui e agora em um duelo! – disse estendendo sua mão enluvada para Antonius.
Antonius estava tentando esboçar um sorriso e aceitar o duelo mas foi interrompido pelo barulho de uma forte pancada contra uma porta de ferro.
-- Silêncio! – disse Antonius olhando para o contêiner no meio do galpão. Outras três fortes pancadas se seguiram, mas o contêiner nem se abalou com elas.
-- Ah! Não é nada. É só nossa convidada tentando sair. Logo ela desiste e volta a chorar Nhá nhá nhá nhá nhá! – riu Mitrax. – Bom, mas isso me lembrou de nossa missão aqui. Ele vai ficar muito chateado se a gente não fizer com eficiência algo tão pequeno como isso.
-- Tem razão – disse Antonius começando a catar os feijões – posso te confessar uma coisa?
-- Claro – disse Mitrax tentando consertar a mesa.
-- Ele me dá medo!
-- Em mim também!
Disse um corrompido do medo para o outro.
Inútil. Tudo que ela tinha conseguido ao bater na porta foi machucar a mão. Ao bater nas paredes ela rasgou um pouco do papel que a forrava e viu que as paredes eram de aço blindado. Se ela tivesse a força de Drakon, o entai que conseguiu subjugar Drexler em seu torneio, aquelas paredes nada seriam. Mas o que ela estava pensando não é mesmo? Sua única força estava em seus amigos e naquele momento ela estava sem nenhum deles. Não tinha como sair de lá concluiu desanimada.
Dias ou semanas depois ela acordou novamente, comeu um pouco da comida mal preparada se perguntando se não seria melhor parar de comer e morrer logo de uma vez. Já tinha estado em Zênite e aquele lugar não era pior do que essa prisão onde ela era obrigada há passar o tempo todo com ela mesma.
Ao colocar a bandeja vazia perto da porta ela voltou para o canto oposto e ficou abismada que uma peça do cenário tinha finalmente sido alterada. Na verdade um novo elemento tinha sido introduzido. Um livro cuja lombada era da largura de um bloco de concreto e nela estava escrito no idioma de Zênite “O Oráculo”. Ela foi até ele com calma, colocou no meio de sua perna cruzadas, contemplou o rosto de ouro que adornava a capa e tentou abri-lo. Mas assim como a porta daquele lugar o livro parecia fechado. Nem um livro ela conseguia abrir! Pensou antes de começar a chorar e molhar o rosto da capa com suas lágrimas.
-- Por favor, donzela! Pare de chorar! – disse uma voz que ecoava por toda a sala enquanto a boca do rosto do livro se mexia.
-- Ahn? – disse Beatriz espantada enquanto olhava o rosto no livro e o tocava com a ponta dos dedos percebendo que ele se mexia. Era puro metal e mesmo assim se mexia!
-- Isso faz cócegas – disse o livro antes de ser jogado do outro lado da sala por Beatriz.
-- Legal. Finalmente essa sala me deixou louca! Agora estou conversando com um livro!
-- Você deveria tratar os livros com mais cuidado. Ainda mais uma obra de arte como eu.
-- Então você fala mesmo! Nunca vi um artefato como você! Espere! Eu nem despejei minha aura em você para criar uma harmonia entre a gente e ativa-lo. Como está falando?
-- É verdade. Se você tivesse me dado um pouco de sua mana eu deixaria que me abrisse.
-- Mana? – disse Beatriz enquanto pegava o livro e o colocava com cuidado no chão a sua frente
-- Mana, aura, ki, gnose, foco, cosmos, soma, etc. É tudo a mesma coisa. Se quiser podemos continuar conversando, mas sou um livro e ficaria muito grato se me lê-se.
Beatriz olhou intrigada para ele e na única coisa que conseguia pensar era: armadilha.
-- Não obrigada. Se você apareceu aqui é porque quem me capturou quer que eu lhe leia. Posso não destruir portas de ferro com a mão mas não fiquei burra da noite pro dia.
-- Se esse é seu desejo, mas é uma pena já que tenho tanto para lhe mostrar. Se mudar de idéia já sabe como me abrir. Mais de dois mil anos sem falar com ninguém e é assim que sou tratado. Se eu tivesse sentimentos certamente ficaria magoa. Adeus. – finalizou o livro fazendo com que seu rosto voltasse a ficar imóvel.
Definitivamente Beatriz tinha decidido que não leria aquele livro.
Meia hora depois ela estava de joelhos concentrada no livro e descarregando uma porção de sua aura no mesmo. Certamente aquela era uma armadilha. Mas se aquele artefato tivesse o pode de lhe mostrar onde estava Daniel o risco valeria a pena. O livro brilhou dourado ao receber sua aura e suas páginas abriram aleatoriamente. Beatriz olhou suas pequenas letras e começou a leitura.
sábado, 27 de março de 2010
Kung Fu Shaolindo Norte - Minha rotina de treino - 2010
ROTINA DE TREINO
CLIPE MUSICAL
CLIPE MUSICAL
sábado, 16 de janeiro de 2010
O diário de Sadiel # 01 - Querido diário
Há muito tempo parei de perguntar o porquê das coisas. Elas simplesmente acontecem e não nos cabe ficar parados tentando entende-las. Não que eu esteja muito ativo nesse momento, mas se você estivesse em meu lugar agiria de forma diferente? faria algo além de gritar, chorar ou simplesmente morrer?
Em que estado me encontro? Sólido em maior parte... mas o líquido vermelho escorre. Ah! Não sei como descrever a sensação da vida se esvaindo de mim. Acho que a palavra "belo" não se aplica nesse caso. Afina é muito mais prazeroso quando o sangue em minhas roupas não é o meu.
Escondido nesse uterino porão eu espero que meu algoz termine oque começou. Claro que não sou uma presa fácil e para realizar seu nobre intuito ele terá que me encontrar antes. Enquanto brinco de esconde-esconde com a morte vou aproveitar para preenche-lo, meu querido diário.
Sei que por muitos anos eu o negligênciei. Te usava apenas para escrever alguns poemas esparsos. Apesar de sempre carrga-lo em minha mochila, nunca tive vontade de transfigurar suas páginas puras e brancas com minha doentia história. Não que eu considere algo que já tenho feito como doentio, mas voc~e, assim como o resto do mundo, deve me julgar um monstro louco. Bom, não importaagora que comecei a preenche-lo devo continuar. Da mesma forma que minha navalha corta: devagar e constantemente.
Meus psiquiatras ficariam orgulhosos em me ver fazendo esse exercício de exteriorização. Tá certo que não podem mais se dar ao luxo de sentir nada porque cometeram o grande erro de se tornarem meus amigos.
Você deve saber que eu sou uma pobre alma amaldiçoadaa não ter amigos. Quando os laços de amizade se forma eles sempre passam a me odiar no dia seguinte. Ciente disso jamais permito que eles vejam o dia seguinte.
Veja só, estou falando de coisas que não devem lhe fazer o menor sentido não é meu querido diário?
Talvez seja melhor que eu comece a partir de minha infância não é? Assim talvez você compreenda como me tornei o que sou hoje e quem sabe até tenha pena de mim. Af! Como se a opinião de um amontoado de folhas, dobradas, dispostas em cadernos, costuradas e envolvidas em uma capa de couro, infelizmente não humano, importa-se! Mas nesse momento você é o único que tenho para me escutar. O único que não preciso temer que se torne meu amigo.
Viu? Estou fazendo novamente. me perdendo. mas antes que minha mente entre em outra espiral negra eu gostaria de finalmente iniciar o breve relato de vida que me fez terminar sangrando nesse porão úmido, apertado e escuro.
No próximo capítulo: Uma infância de contos de fadas
Em que estado me encontro? Sólido em maior parte... mas o líquido vermelho escorre. Ah! Não sei como descrever a sensação da vida se esvaindo de mim. Acho que a palavra "belo" não se aplica nesse caso. Afina é muito mais prazeroso quando o sangue em minhas roupas não é o meu.
Escondido nesse uterino porão eu espero que meu algoz termine oque começou. Claro que não sou uma presa fácil e para realizar seu nobre intuito ele terá que me encontrar antes. Enquanto brinco de esconde-esconde com a morte vou aproveitar para preenche-lo, meu querido diário.
Sei que por muitos anos eu o negligênciei. Te usava apenas para escrever alguns poemas esparsos. Apesar de sempre carrga-lo em minha mochila, nunca tive vontade de transfigurar suas páginas puras e brancas com minha doentia história. Não que eu considere algo que já tenho feito como doentio, mas voc~e, assim como o resto do mundo, deve me julgar um monstro louco. Bom, não importaagora que comecei a preenche-lo devo continuar. Da mesma forma que minha navalha corta: devagar e constantemente.
Meus psiquiatras ficariam orgulhosos em me ver fazendo esse exercício de exteriorização. Tá certo que não podem mais se dar ao luxo de sentir nada porque cometeram o grande erro de se tornarem meus amigos.
Você deve saber que eu sou uma pobre alma amaldiçoadaa não ter amigos. Quando os laços de amizade se forma eles sempre passam a me odiar no dia seguinte. Ciente disso jamais permito que eles vejam o dia seguinte.
Veja só, estou falando de coisas que não devem lhe fazer o menor sentido não é meu querido diário?
Talvez seja melhor que eu comece a partir de minha infância não é? Assim talvez você compreenda como me tornei o que sou hoje e quem sabe até tenha pena de mim. Af! Como se a opinião de um amontoado de folhas, dobradas, dispostas em cadernos, costuradas e envolvidas em uma capa de couro, infelizmente não humano, importa-se! Mas nesse momento você é o único que tenho para me escutar. O único que não preciso temer que se torne meu amigo.
Viu? Estou fazendo novamente. me perdendo. mas antes que minha mente entre em outra espiral negra eu gostaria de finalmente iniciar o breve relato de vida que me fez terminar sangrando nesse porão úmido, apertado e escuro.
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