quarta-feira, 7 de outubro de 2009

OS PECADOS DE NOSSOS PAIS

Fragmento do diário de Hughentorn


8017 dc - As coisas tomaram um rumo inesperado. Os cultistas fizeram a única coisa que não podiam. Tiraram minha amada de mim. Não me importa que o sacrifício dela tenha sido necessário para o ritual da DIVISÃO.

8018 dc - Meus olhos enxergam tudo em tons de vermelho! Já não sou mais capaz de viver sem pensar em vingança! Minha esposa tinha acabado de dar a luz a uma bela menina, vivíamos felizes e agora tudo se foi. Sabia desde o começo que me associar com Maleshar e Turam acabaria dessa forma. Mas eles tinham as respostas que eu procurava. Graças a eles descobri o que havia acontecido com os da raça de minha esposa. A verdade era pequena perto do preço que paguei. Quando me revoltei fui considerado traidor. Minha filha ficou com parentes meus e me levaram para as masmorras da Catedral. Lá me submeteram a experimentos de mudança de alma. Estava me tornando um monstro e quando estavam prestes a lavar minha mente eu aproveitei uma brecha na segurança criada por um antigo recruta meu e fugi da capital com minha armadura imperial escondida e com minha filha recém resgatada da casa de parentes. Eu tinha que deixá-la onde ela não fosse encontrada.

8018 dc - A viagem está sendo excruciante. O lagarto morreu no meio da viagem. O bebe não para de chorar e a cada dia eu me transformo mais e mais em um monstro. Malditos clérigos que me amaldiçoaram.

8018 dc - Fugi para as montanhas com minha filha e a deixei em segurança em um instituto. Até ela completar 18 anos estaria segura conforme nossas leis e eu olharia por ela o quanto fosse possível. Felizmente em poucos dias ela foi adotada por um nobre. Acho que o futuro dela estaria garantido dessa forma. Eu ia seguir o nobre para manter minha filha sob proteção mas ele parecia poder me enxergar. Isso era estranho.

8018 dc - Eu estava decidido a ir atrás do nobre mas antes disso, por desejo do destino, o orfanato onde estou é próximo do local de nascimento da PREDESTINADA. Vi uma horda de cérigos de Obliath e seus lacaios adentraram por uma fissura na montanha. Perseguindo-os cautelosamente vi que as caverna davam no que parecia ser um antigo templo de Yuksar construído por anões no interior da montanha de divisa com Panthus. Muito clérigos do Deus profano ainda se encontram nesse lugar e professavam a religião proibida. Por onde passo vejo cadáveres de bata branca com um amuleto de triangulo ou com bata negra e amuleto de espiral. Graças a minha transformação me tornei o caçador perfeito e eles não podem me ver, mas posso vê-los e me vingar!

8018 dc - Foi fácil! Mais do que eu esperava. Turam o maldito tinha tido uma cria com sua concubina infernal preferida. O bebe era inocente mas isso não me importava. Seu pai iria pagar da forma que mais doeria! Matei os servos infernais que protegiam o bebe enquanto seus pais se divertiam assassinando os clérigos de Yuksar. Peguei a criança e levei para bem longe. Se eu matasse o bebe seus pais dariam um jeito de trazê-lo de volta. Se deixasse em qualquer lugar eles usariam magia e o localizariam. Mas eu sou esperto e deixei o bebe em um local protegido de magias. Um local que eles jamais procurariam! Em um templo de Obliath, o Deus que serviam. O padre que lá vivia era famoso na capital por usar as crianças órfãs que abandonavam em sua igreja como ladrões. Mas pelo fato de ser primo do cardeal ele tinha costas quentes e jamais era investigado formalmente. Seria um belo destino para a filha de meus inimigos que jamais a veriam novamente. Quando o Padre a batiza-se com um nome que não o seu ela jamais poderia ser encontrada por magia.

8018 dc - Volto para o templo 20 dias depois de largar o bebe na Capela de Drowshore. A guerra pelo templo está quase completa e faltam poucas horas para o nascimento. Tenho que me preocupar com minha filha... já se passaram muitos dias, vai ser difícil encontrar o rastro dela assim, mas a vingança me consome. Só consigo pensar em fazê-los pagar. Vi os clérigos de Obliath se preparando para pegar a Predestina e matar sua contraparte. Vi quando o líder deles o Arcebispo Maleshar se retirou para sua tenda para refletir e refazer sua orações. Ele estava exaurido pois tinha acabado de sair de uma dura batalha contra enviados celestiais de Yuksar. Esse era o momento do ataque. Para minha surpresa ele viu quando eu adentrei em sua tenda. Ele pensou em gritar pelos guardas mas entendeu que em meu novo corpo eu poderia matá-lo antes que o fizesse. Ele se limitou a me cumprimentar ao me reconhecer olhando para meus olhos que ainda eram os mesmos. Ele me agradeceu mais uma vez pela morte de Shandra. Disse que sem o sangue puro dela eles não poderiam ter maculado a ELFA. Disse que o sacrifício era grande por ela ser a ultima de sua raça. Mas ele estava enganado pois achava que minha filha era meio humana e que não contava como ultima Shadar Kai. Ele estava errado. Não sabia que eu era apenas o pai adotivo da menina.

8018 dc - Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa eu dilacerei sua carne com minhas garras negras. Nem se o próprio Obliath encarnado surgisse na minha frente ele teria condições de me impedir! Arranquei sua cabeça e esfolei a carne de seu crânio pacientemente sem que nenhum de seus servos entrasse na barraca. Fiz um ritual, recém aprendido, para prender a alma do Clérigo em seu crânio e levei o souvenir comigo.

8018 dc - Sem liderança os clérigos foram perdendo terreno. Não podiam contar com a ajuda do exercito nacional porque aquela cruzada tinha sido decidida secretamente pelo Sumo Sacerdote. Se a Eterna soubesse o que tramavam talvez muitas mortes teriam sido evitadas. Vi quando o Ranger, um aventureiro contratado pelos clérigos de Obliath, salvou os dois bebes recém nascido. Talvez a moral dele tenha falado mais alto. De qualquer forma ele foi perseguido mas eu facilitei sua fuga matando qualquer um que o seguisse. Ele levou os dois bebes para um Orfanato próximo da entrada do templo e dias depois começou a trabalhar no local para ficar próximo dos bebes e protegê-los. Nunca perguntei por que ele fez isso, mas fiz o mesmo quando passei a morar no cemitério do lugar. Era tarde demais para encontrar minha filha.

8032 dc - Já se passaram 14 anos. O destino sorriu para mim quando uma shadar kai também com 14 anos veio para o orfanato, aparentemente fugida do seu antigo lar. Posso estar vendo quase tudo em tons de vermelho mas tenho certeza que é minha filha. Ela se parece demais com a mãe! Não sei que tipo de horrores ela enfrentou. Pelo menos agora eu podia protegê-la enquanto vigiava o Ranger. O amor que eu sentia por ela era a única coisa que me impedia de me tornar um monstro completo.

8032 dc - Encontrei uma passagem subterrânea secreta que liga o cemitério ao velho casarão. Acho que tenho um novo lar. O Ranger agora é chamado de Jardineiro e vive em um casebre perto da plantação de cogumelos.

8035 dc - As duas meninas estão quase fazendo dezoito anos. Vi o Jardineiro conversar secretamente com um Paladino de Yuksar disfarçado. Provavelmente agora o jardineiro saiba o que está acontecendo. E isso não é bom.

8035 dc - Decapitar o jardineiro não foi difícil. Esfolei-o, guardei seu crânio em meu cinturão de troféus e escondi seu corpo em meu covil. Aqui tudo que tenho é minha antiga armadura, um porta retratos e alguns artefatos mágicos que coletei de aventureiros da região.

8035 dc - Suspeitos que Dark Ones estejam rondando o instituto. Aqueles ladrões miseráveis vão se dar mal quando encontrarem o Jardineiro! Ah.. bom.. talvez não. Estou começando a esquecer coisas que fiz recentemente. Isso não é bom.

8035 dc - Dia de chuva. Visita chegando. Seu nome? Lorde Aishimir! Como me lembro dele? Ele fazia parte do grupo secreto que apoiava o Sumo Sacerdote e que era comandado por Maleshar. No grupo havia apenas dois Drows, Ele e um tal de Claus. Eram irmãos. Difícil esquecê-los. O encontro no meio do caminho e o deixo seriamente ferido. Creio que minha filha não terá dificludade em derrota-lo nesse estado caso ele tente alguma coisa.

8035 dc - Noite, sempre noite. Os pensamentos estão me abandonando. Está difícil manter minha mente. Nem mesmo esse diário está me ajudando. Vou caçar, parece que tem um animal grande rondando meu território.

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