quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

TALENTO vs DEDICAÇÃO


Hoje decidi que ia escrever uma lembrança. Não uma lembrança qualquer. Queria escrever A LEMBRANÇA. Ou pelo menos pegar uma dentre tantas e me esforçar para que ela fosse transcrita de forma a prender a atenção do leitor.

Mas talvez nenhuma lembrança seja mais importante que o simples fato de eu estar escrevendo, pura e simplesmente. Bom, acho que encontrei o foco. Falemos de minha infância e de como foi crescer sendo irmão de um talentoso desenhista.

Fui criado da mesma forma que meu irmão 3 anos mais velho. Mesmo assim sempre fiquei meio a sombra do talento dele para o desenho. Talvez pelo fato de eu mesmo não ter talento algum eu apenas fazia meu trabalho de irmão mais novo e o admirava.

Adorava sua arte e sempre que possivel pegava sua pasta de desenhos e levava para a escola para exibir o talento dele para colegas e professores. Repeti esse ritual de fã da primeira série até o fim do ensino médio. Ver os outros elogiando-o me enchia de orgulho. Como na vez que todos os alunos da escola que estudavamos foram chamados para homenagear o fato dele ter ganho o segundo lugar em um concurso municipal de desenho (não foi primeiro por armação da organização que queria dar o curso de desenho para a criança mais carente). No momento que a diretora subiu no palco e lhe deu o troféu eu não consegui deixar de me emocionar e acabei chorando. Ele ganhou outros prêmios e concursos, um deles era da época que ele fazia Tiro de Guerra. Lembro que eu que tive que finalizar o desenho porque ele estava bebado demais para faze-lo e já estava em cima da hora para a entrega. E em em outro concurso municipal que uma charge dele ganhou e por conta disso eu ganhei um emprego, mas acho que esse história eu já contei.

Quando pequeno eu também tentava desenhar. Mas não me dedicava tanto quanto ele pois não conseguia ver beleza em meus rabiscos perto da arte que ele fazia. Assim meus desenhos nunca passaram do nível de esboço simplorio. Com o tempo fui me interessando pela leitura e comecei a escrever um pouco na sexta série. Escrita por obrigação já que na quinta série eu tinha perdido o gosto pela escrita so ser humilhado por uma professora que tinha detestado minhas redações. Nessas novas escritas da sexta série eu estava bem melhor graças a influencia dos livros que eu estava devorando (obrigado Julio Verne, Mark Twain, Alexandre Dumas, Pedro Bandeira e uma infinidade de outros autores infanto Juvenis que me fizeram pegar o gosto pela leitura). Eu não sabia na época que eu deveria desenvolver esse veia artistica. Não sabia que valia a pena me aperfeiçar na arte da escrita, mesmo tendo vários sinais. Um deles foi eu ter feito o melhor projeto de livro da turma. A professora amou a história e o elogiou na frente de toda sala para minha vergonha. Ela enxergou qualidades que eu nem imaginava estarem contidas no livrinho de 30 páginas datilografadas. Outro sinal foi em um dia anterior que essa mesma professora me deu um B em uma redação por não acreditar que eu havia escrito tudo sozinho. Ela jurava que eu tinha copiada. Ela disse que aumentaria minha nota para A se eu confessasse que tinha copiado. Mas eu não tinha! Mantive minha palavra, minha honra e minha nota B. Nas séries seguintes não tive uma professora tão incentivadora quanto essa e raramente botava paixão nas coisas que escrevia. Também na época eu estava mais interessado em criar regras e cenários para meus jogos de RPG.

Minha fissura por RPG me fez criar vários suplementos, jogos e novas regras. Mas fez com que minha escrita se resumisse a breves paragrafos explicativos de regras ou conceitos. Apenas na faculdade decidi escrever um pouco mais. Não consigo me lembrar ao certo de onde veio a inspiração, só sei que produzi contos, poemas, um livro curto que nada mais era doque a romantização de uma campanha de RPG.

Aos 21 anos passava o natal na casa de minha avó em Francisco Morato e não tinha nada para fazer. Um ócio corrosivo que me deixava louco. Felizmente num estalo decidi ir no supermercado comprar um caderninho pautado com capa dura da cor vermelha. Voltei para a casa de minha avó e larguei ele de lado. Depois do jantar a mesa da cozinha foi limpa, peguei o caderninho, uma caneta azul e olhando para suas linhas não preenchidas pensei no que escrever. Como na época sonhava em ter um jogo de rpg publicado eu decidi fazer um romance baseado em meu jogo mais promissor. Nascia assim o romance Guardião dos Mundos. (que já teve o s títulos de Diário Entai e Alma Entai). Naquela noite sentado a mesa escrevi os três primeiros capitulos a mão e fui dormir as 3 da manhã.

De volta para minha cidade esse caderninho ficou de lado por vários meses até que eu decidisse digitar oque estava manuscrito nele. Só consegui motivação para continuar a história graças a uma comunidade virtual que eu fazia parte. O pessoal lia os capitulos, fazia criticas e pediam mais e mais. Lamento até hoje que muitos deles ainda não tenham visto o final do livro que tanto ajudaram a ser construído. Bom, continuando, nesse processo eu consegui escrever o livro até a metade e por motivos de grande depressão eu perdi o animo de continuar.

Se não me engano em 2006 minha atual chefe resolveu que eu deveria trabalhar uma hora a mais e fazer hora de janta. Sendo que em 3 anos de trabalho eu nunca precisei fazer isso. Agradeço até hoje pelos limões que ela me deu pois com eles decidi gastar essa hora diária no livro que eu havia abandonado. Em media eu conseguia fazer um capitulo a cada 3 dias. Antes do fim do ano eu estava com o livro pronto e feliz da vida por ter terminado meu primeiro livro. 278 páginas de pura luta e persistência. Uma bela limonada não?

Depois mudei de emprego e perdi o arquivo com o texto finalizado e revisado. Tinha uma versão impressa. Mas o desanimo em digitar tudo de novo me fez deixar esse projeto de lado mais uma vez. Agora no final de 2009 um milagre aconteceu e encontrei um cd com uma cópia do arquivo do livro. Vocês devem estar pensando que eu procurei mal pela cópia né? Ledo engano! Eu revirei todos os meus cds e dvds a procura dessa cópia, procurei tanto que acreditava que não tinha feito copia nenhuma.

Agora com o arquivo completo o livro está em processo de revisão, ilustração da capa e já está tudo acertado com uma editora para publicação. Porque eu contei esa memória? Bom, acho que não cumpri o objetivo de fazer dessa a memória mais interessante de todas, mas acho que talvez tenha passado a mensagem de que mesmo que você não tenha um grande talento aparente, algo você deve saber fazer, ou pelo menos algo te agrada fazer. Basta encontrar esse algo e se dedicar a ele. Com dedicação e muito suor você poderá transformar isso em algo que alguêm , em algum lugar, algum dia, chamará de arte.

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