segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Prefeitura de São Paulo lança edital que inclui projetos culturais envolvendo Mestres de RPG remunerados

Como aconteceu com o rádio, a televisão, o videogame e a fita adesiva dupla face, o RPG enquanto podia ser chamado de “novidade” foi demonizado e decretado como a mais nova fonte da inevitável corrupção absoluta de nossas criançinhas. Então o jogo foi deixando de ser novidade e todos viram que ele não iria dizimar a civilização. O RPG deixava de ser um “culto” e passava a ser apenas “cultura”! E quem tem medo de cultura, hein?
O governo é que não tem! Quem for fuçar no site da prefeitura de São Paulo descobrirá, na área dedicada ao sistema de biblitoecas, um edital delineando os parâmetros para a inscrição de interessados em desenvolver projetos culturais nas bibliotecas públicas de São Paulo. A grande notícia é que o RPG aparece como um tipo válido de projeto! E não falo aqui da existência de uma chance para enfiar uma aventurazinha para algumas crianças, de leve, em um evento dedicado a “contar histórias”, justificando tudo com o uso inteligente da palavra “interatividade”. O Edital fala em RPG mesmo, dividindo a atividade, inclusive, entre jogos de mesa e live action. E os narradores seriam remunerados!
Os responsáveis pelo projeto e pelo edital realmente sabem do que estão falando e enxergam seu potencial educativo e cultural a ponto de não apenas permitirem, mas incentivarem de modo concreto (com dinheiro) a prática do jogo de RPG. Quando o governo inclui o jogo em sua programação cultural e nos paga para apresentá-lo ao público, podemos dizer que manifestações futuras de preconceito poderão ser reveladas rapidamente como mera ignorância em ação, não mais ganhando o status de “polêmica” e muito menos de manchete.
De acordo com o edital, um mestre receberia 500 reais por “apresentação”, sendo 100 reais extras pagos por cada participante extra no trabalho de apresentar o jogo, até o máximo de 700. Uma sessão de Live pode render até 800. A carga horária total seria de 12 horas para os jogos de mesa ou 6 horas para aqueles no estilo Live Action. Confira mais detalhes lendo o edital completo aqui.
Dedico humildemente este post para todos aqueles que jogavam RPG na época em que o jogo causou mais polêmica, figurando na mídia como bixo-papão de psicólogos infantis ou “causador de crimes envolvendo rituais satânicos.” O dia em que o inferno congelou está finalmente aqui! E falo isso com a liberdade de escrever “RPG” e “INFERNO” na mesma frase!

por RF Victor

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