sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

FILHOS DA CORRUPÇÃO # 05 - Narrativa


FILHOS DA CORRUPÇÃO

Parte 5 - Narrativa

Beatriz folheava as páginas daquele estranho livro sem entender porque ele queria que ela lesse sobre aqueles estranhos. Skiter? Belioxhis? O que eles tinham a ver com sua atual situação? Porquê o livro simplesmente não lhe mostrava onde estava Daniel. Talvez aquilo tudo fosse um truque. Com essa dúvida na cabeça ela fechou a pesada relíquia, encarou a face metálica do mesmo e perguntou:
-- Ok! Li até agora o que você me mostrou, mas apesar da ligação aparente dessas duas histórias entre si, elas nada tem haver comigo! Me dê uma explicação ou eu paro a leitura por aqui mesmo – disse Beatriz demonstrando todo seu descontentamento.
-- Você não é primeira pessoa que conheço que começa a ler um livro e desiste da leitura antes de entender o propósito do autor. O engraçado, é eu e não escrevo essas histórias, elas apenas aparecem em minhas páginas. Eu mesmo não tenho nenhum outro propósito além de continuar tendo essas histórias em mim. Fico fascinado em conhecer todas elas.
-- Você se lê?
-- Isso seria ridículo não? Eu apenas sei tudo que é escrito em mim. Sei a verdade sobre tudo que já aconteceu em nosso universo, por isso me chamo Livro da Verdade.
-- Mas você não me explicou porque está me mostrando a história desses desconhecidos.
-- Você pensa que são desconhecidos! Eles são responsáveis por você estar nesse lugar.
-- Mas como?
-- Ah! A boa e velha curiosidade. Agora que tenho novamente sua atenção, gostaria que voltasse a ler as páginas que vou lhe indicar. A história é longa, mas creio que confinada nesse lugar você não tenha nenhuma opção melhor. Sou sua única janela para o mundo exterior.
-- Tá. Você me convenceu. Por mais que me deprima ser persuadida por um objeto que nem deveria ter consciência, eu vou me sujeitar a isso. Mas como você pode me garantir que essas histórias realmente aconteceram?
-- Adoro quando me testam! – disse o livro com os olhos vidrados e com um enorme sorriso em seu rosto. –Pode me abrir de forma aleatória que eu vou lhe provar.
Beatriz o fez e quando começou a ler a linhas da nova página reconheceu a narrativa como sendo sua própria história. Com detalhes que ela havia apenas pensado. Era uma tortura muito grande olhar no espelho dessa forma e ela fechou o livro novamente.
-- Acredita em mim agora? Se quiser te mostro outros capítulos desse tipo...
-- Não! Não quero ler sobre mim. Pode mostrar qualquer coisa. Só não mostre fatos relacionados a minha vida.
-- Ótimo! Até que foi rápido convencê-la. Sendo assim acredito que é hora de mostrar uma pequena história de grande relevância em seu futuro.
-- Só um minuto! – interrompeu Beatriz terminando de enxugar suas lágrimas. – Como você sabe que um evento pode ter influência ou não no futuro de alguém?
-- Digamos que quem domina o passado tem a capacidade de premeditar alguns acontecimentos. Por exemplo, no momento que conversamos um entai que você não conhece está fazendo algo grandioso que pode influenciar positivamente em seu futuro. Só que se eu simplesmente falar o que ele está fazendo agora essa será uma narrativa deslocada. Então eu vou te contar uma pequena história que o apresentara a você.
-- Eu não ligaria se você fosse direto ao assunto!
-- A minha jovem! Assim minha narrativa não teria a menor graça. Não se esqueça que eu sou um livro que contem as histórias de todas as almas do universo. Só que mais do que um simples registro sem graça eu sou escrito com emoção e aventura!
-- Isso quer dizer que não importa o que eu faça você vai continuar contando a história do jeito que você acha vai ficar mais elegante?
-- É isso ai! Finalmente você me entendeu.
-- Tudo bem. Me mostre a próxima história então.
-- Ok! Vamos lá!

FILHOS DA CORRUPÇÃO

Parte 6 - A primeira vista
Tomael estava sentando no banco da pequena praça repensando os últimos minutos pelos quais havia passado. Há exatos dez minutos atrás ele tinha uma namorada, agora ele era só um solteiro entristecido. Uma série de eventos alheios a sua vontade tinham implicado no fim. Se Tomael fosse o culpado pelo evento ele teria cometido o crime de ter sido ele mesmo. E não estou falando de seu “Eu” entai e sim de seu “Eu” mundano. Que o fazia sempre de encontro a uma decepção amorosa. Ter se tornado um entai não tinha feito sua vida mudar significativamente. Ele continuava sendo um medico recém formado, que fazia residência em um renomado hospital da capital paulista. Sua rotina de trabalho não lhe impedia de se apaixonar e investir todas suas forças em um novo relacionamento. Guerras entre entais? Seitas? Artefatos? Nada disso importava para Tomael. Tudo que ele queria era encontrar sua alma gêmea.
Ele olhava o cartão em sua mão e a pequena vaca de pelúcia que estava sentada ao seu lado no banco de concreto. A cabeça da vaquinha estava inclinada para o lado e seus olhinhos pretos meio que perguntavam “E agora?”.
Até agora talvez você deva estar pensando que Tomael é um corrompido da tristeza não é mesmo? Poderia até ser se ele não transformasse os sentimentos ruins em coragem para continuar em busca do amor. Mais do que tudo ele acreditava na união das almas pelo amor. Sabia que todos os problemas do mundo se resolveriam se a as pessoas simplesmente se amassem. Infelizmente elas preferiam se odiar.
Tomael respirou fundo. Olhou para o cartão. Pensou em rasgá-lo, mas preferiu colocá-lo em seu bolso. Ele iria para sua caixinha de lembranças de amores que não deram certo. Mais do que uma coleção ou memorial do fracasso aquela caixinha era uma forma dele se lembrar que ao menos havia tentado.
Ele pegou a vaquinha. Colocou em seu colo. Olhou a cara sorridente do bichinho de pelúcia e perguntou ao mesmo:
-- Será que eu consigo encontrar minha alma gêmea antes de passar o resto da eternidade em Zênite?
-- Talvez – respondeu uma bela moça de cabelos pretos e longos enquanto colocava a mão no ombro de Tomael. Ela usava uma roupa social, com direito a meia calça e salto alto. Maquiagem discreta e unhas impecavelmente bem feitas. Tudo nela parecia mostrar sobriedade.
Tomael a encarou e no mesmo instante sua decepção amorosa recente já era passado. Ele estava apaixonado novamente. Ele olhou boquiaberto para ela e conseguiu pronunciar apenas “Maracanã!”. Tomael tinha o habito de falar palavras desconexas quando ficava muito espantado ou eufórico.
-- Na verdade eu pretendo te levar para o Pacaembu meu querido – disse a estranha moça se sentando ao lado de Tomael.
-- Ahhh como assim? Quem é você? – disse Tomael apertando a vaquinha como se fosse uma menininha de dois anos.
-- Olha. Por muito tempo eu tenho te observado e creio que agora seja a hora de você tomar um lado na Guerra.
-- Ao seu lado?
-- Ah sim. Espero que seja essa sua escolha. Meu nome é Dra. Sulivan. Costumava trabalhar como psiquiatra, mas agora dedico meu tempo a seita Ankala. Conhece?
-- Não faço idéia. Mas poupando seu trabalho aceito entrar em sua seita se isso significa ficar ao seu lado.
-- Que ótimo – disse Sulivan sem demonstrar nenhuma emoção enquanto pensava como era fácil convencer um virtuoso do amor de coração recém partido. Para isso ela só precisou garantir que a ex-namorada de Tomael o larga-se. Não foi difícil. Só precisou fingir ser uma ex namorada dele e dizer que estava esperando um filho dele. Mais novelesco impossível pensava ela. Nessas horas ela agradecia por não ter nenhuma emoção e agir baseada apenas em sua impecável razão.
--Vamos agora? – perguntou Tomael se levantando.
-- Sim Tomael. Minha seita ficará muito feliz em ter você trabalhando com a gente. Um grande futuro o espera sabia?
Assim ambos deixaram a melancólica pracinha que tantos términos de namoro já havia sido palco. Mas amor a primeira vista dessa forma, era a primeira vez!

3 comentários:

Legião disse...

Todo conto onde aparece o Tomael é um ótimo conto. Ele é o melhor personagem de nível 1 para sempre :D.
Sinto falta do Legião nessa história, mas Belioxhis e Skiter são velhos conhecidos já, além desse livro frõ réu. Drexler Team aqui mano. (Ou Crença Team, já nem sei mais)

ITau disse...

TOMAELLLLLLLLLLLL o melhor sempre, sem ele não seriamos nada. mas pera tem alguem querendo dizer alguma coisa


Manu exi tomael é um viadinhu inrustidu e fruxu. Mas o cara é mo genti fini, se mexe cum ele mexe cumigo. o/

El mirador disse...

Fala manos da Tiamat!!

acho que não lembram de mim...

Arcano 9 e Arauto quase fizeram um filme meu...

Ainda não se lembram?

Eu vendia guloseimas pra vcs na loginha de rpg!

Fique triste ao saber que havia acabado... mas contente em saber deste blog!

Parabéns pelas idéias!

Talvez eu as roube para fazer um curta!!

hauahau

Um abraço a todos!!