terça-feira, 21 de outubro de 2008


Contos inacabados de Guimbler - Parte 1



Por onde eu devo começar? Talvez pelo momento em Guimbler encontra os doidos que acreditam estar salvando o mundo? Ou pelo seu nascimento? Opto pela segunda opção porquê senão vocês provavelmente não vão compreender o rumo que ele toma em suas decisões.


Guimbler nasceu cerca de 13 anos atrás. Ele era um goblin como qualquer outro de sua ninhada, exceto pelo fato de sua pele ser azul como uma safira. Seus pais e o shaman da tribo acharam que esse era um sinal de mau agoro e o pobre e inocente goblinzinho foi condenado a ser jogado de um desfiladeiro para acalmar os deuses. O shaman o levou até o desfiladeiro mais proximo da floresta (na verdade o buraco-aterro de uma cidade próxima. Sabe como é, goblin vê tudo em perspectiva diferente).


Seria normal que Guimbler tivesse morrido naquelas condições. Mas Guimbler era inteligente! Desde recêm nascido ele já tinha uma noção do mundo a sua volta. Do shaman ele memorizou o amuleto de osso de rato que o mesmo usava, e de seus pais o cheiro de covardia. Graças a essa inteligência ele conseguia sobreviver seprando coisas comiveis do meio do lixo em que vivia. Por dois anos ele viveu com medo do mundo que havia fora do buraco. Por dois anos ele viveu de restos e lutava todos os dias para não ser morto pelos ratos atrozes do lugar. Quandos as pessoas iam ao lugar se desfazer de seus lixos ele as escutava falar. E graças a sua alta inteligência conseguiu aprender a lingua comum. E de pedaços de papel ele conseguiu, sozinho, se alfabetizar. Oque o ajudou a tirar seu nome de um pote de pasta de amendoin: Guimbler.


Sua sorte mudou apenas no dia em que ouviu a voz do que imaginava ser um anjo (ele havia visto a figura na capa de um livro perdido em seu buraco). Munido de coragem ele escalou as paredes do aterro. Se escondeu entre arbustos e viu uma pequena menina humana que cantava e colhia pequenas ervas e fungos no bosque proximo ao aterro. Ela tinha longos cabelos negros como o carvão, pela branca como leite ainda não coalhado e olhos azuis e lindos como Guimbler! (que se achava lindo apesar de tudo)


Ele ficou tão encantado que não percebeu quando três meninos o prenderam com um saco de batata e começaram a bater em seu frágil corpo com pedaços de pau e pedras. Guimbler não entendia direito porquê estava apanhando e ouvia os meninos gritarem coisas do tipo: "Eu sou um aventureiro agora!" " Vamos matar esse monstro e nos tornar heróis!" "A mamãe falou pra gente não se atrasar, hoje tem batata assada!" "Cala Boca gordo! Só depois de matar o monstro e pegar o tesouro!". Mas por sorte o anjo viu oque estava acontecendo e ao parar de ser espancado ele ouviu: "Deixem ele em paz senão eu transformo vocês em sapos!" "Corre galera! A menina bruxa tá aqui! A gente ainda não tem arma mágica pra matar bruxa!"


__ Você está bem pequenino? - disse a menina ao tirar Guimbler de dentro do Saco.


__ Guimbler com dor, mas Guimbler feliz em conhecer anjo! - disse ele enquanto guspia em sua mão e tentava pentear seus três fios de cabelo.


__ Imagina! Eu não sou um anjo. Longe disso! Meu nome e Esbeth e vivo em uma torre no meio da floresta com minhas três tias. Sou apenas uma aprendiz de bruxa.


__ Bruxa? - peguntou Guimbler curioso.


__ É tipo um mago, só que voamos em vassouras. - disse Esbeth enquanto olhava Guimbler curiosa.


__ Eu sei oque cê tá oiando. É minha cor bunita né?


__ Nunca vi um Goblin Azul antes! Oque você acha de vir comigo? Minhas tias vivem reclamando que eu não tenho um familiar. Você gostaria de ser meu familiar?


__ Oque Guimbler teria qui fazer? - disse ele com os olhos lacrimejando de felicidade.


__ Apenas me acompanhar, tentar me proteger e me fazer pequenos favores como me substituir na limpeza dos nove níveis da torre. Coisas fáceis sabe?


__ Guimbler aceita! Guimbler feliz. Você primeira amiga de Guimbler! De toda minha vida!


Assim Guimbler se tornou familiar de Esbeth, a aprendiz de bruxa e passou a viver na torre. A torre era modesta e nela eles viviam com três bruxas. Elas acharam Guimbler estranho mas permitiram que Esbeth ficasse com ele, porquê achavam que ele fosse morrer como os outros familiares da menina (queimado em forno por acidente, emagado por caldeirão, queda do alto da torre, ou coisas do gênero). Mas Guimbler durou! Pois sobreviver era sua especialidade! Mesmo quando a menina esquecia de lhe dar comida ele se virava com as baratas ou aranhas que infestavam a torre. Ele resistia até aos duros trabalhos impostos pela menina que quanto mais ia se aperfeiçoando nas artes da bruxaria, mais o obrigava a substitui-la em serviços domésticos. Mas Guimbler não ligava porquê ela lhe dava atenção as vezes. E lhe chamava de formas carinhosas como "Traste imundo", "Ralo de bureiro", "Aborto de Orc". As vezes o tom de voz da menina era ofensivo, mas mesmo assim ele estava feliz apenas por ter atenção. E tudo aquilo era muito melhor que o lixão! Os ratos eram menores!


Mas felicidade é curta igual as pernas de Guimbler, que começou a ver sua alegria acabar três anos depois quando a mais velha das bruxas morreu. Por conta disso Esbeth foi promovida a bruxa e a mesma não tinha mais tempo para brincar com Guimbler. Ela simplesmente o ignorva! Pior doque maltratos para Guimbler era ser ignorado. Era como se mais uma vez uma pessoa que deveria cuidar dele o jogasse fora! Seus pais o fizeram, sua tribo o fizera! Mas ver Esbeth fazendo-o era algo tão ruim que pela primeira vez em sua vida ele ficou com vontade de se vingar. Da menina, de sua raça, dos humanos e de todo o mundo! Era como se naquele momento o inocente Guimbler morresse.


Com a morte de sua inocência ele começou a exergar as coisas de forma mais prática. Se ele queria se vingar ele deveria ter poder. E olhando para seu corpo frágil ele rapidamente concluiu que o único jeito de consegui-lo seria usando a mesma arma de Esbeth. A bruxaria! E ao longo de onze anos ele usou as noites em que as bruxas dormiam para se esgueirar até a biblioteca e memorizar os feitiços para pratica-los quando estivesse sozinho. Os primeiros cinco anos foram de frustração. Tudo que ele conseguia fazer era conjurar pequenos torrões de pedra que ele varria para o canto do porão em que vivia. Eram tantos torrões que ele consegiu fazer um montinho com eles. Cuja altura era suficiente para que ele conseguise prender uma corda em uma das vigas do porão. Com essa corda ele fez uma forca e decidiu por um fim a sua pobre existência. Mas antes que ele saltasse do monte de terra, uma mão de terra segurou sua fina canela! Ele olhou para baixo e viu que as pedras que ele havia conjurado se tornaram um criatura mágica de terra! Ele tinha criao um familiar. Isso provava que ele estava no caminho certo em se tornar um mago. A criatura de terra coberta de outros lixos que ele varreu junto a ela foi batizada de Trechi. Motivado por seu familiar ele percebeu que só conseguiria fazer as magias se utiliza-se como ingrediente a terra em todas as formulas. Dai pra frente sua evolução foi constante.


Ao completar 13 anos e entrar em sua idade adulta ele decidiu deixar a torre das Bruxas. Lá ele não tinha acesso a magias mais poderosas e como as bruxas começavam a suspeitar dele... já era hora de partir e voltar quando fosse mais poderoso que as três juntas. No dia de sua partida ele colocou Trechi em um pequena bolsa e foi se despedir de Esbeth que preparava algo em seu caldeirão. A menina havia se tornado uma bela e maldosa mulher. Mas seu tamanho ainda exigia que ela ficasse em cima de um banquinho, de pernas bambas, para conseguir mexer no caldeirão. Guimbler fez uma longa despedida mas ela fez tudo oque não poderia fazer. Ela o ignorou! Com raiva ele conjurou um disco flutuante de pedra sob seus pés e voou na direção de Esbeth empurrando-a para dentro de seu caldeirão. Seja lá oque for que ela estivesse preparando deveria ser algo muito poderoso e ácido! Pois de dentro do caldeirão ela saiu toda deformada e queimada! Finalmente Esbeth aparentava todo o horror contido em seu coração. Naquele dia Esbeth urrou e lhe deu muita atenção! Mas Guimbler não ficou lá para sofrer as consequências. Nesse dia junto com seu fiel elemental ele pegou a estrada e partiu para conhecer o mundo que um dia beijaria seus pés! Ninguêm nunca mais abandonaria Guimbler!





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