terça-feira, 28 de outubro de 2008

A GRANDE FUGA
1986
Francisco Morato - SP

Apesar da precocidade eu me lembro nitidamente desse evento. Com quase quatro anos de idade a minha maior preocupação era apenas brincar de ser feliz. Para mim dinheiro, mulheres ou qualquer outra coisa não era importante. Apenas brincar, me movimentar e usar a imaginação para me divertir.


Em uma tarde de domingo eu e meu irmão brincávamos na casa de minha vó pois lá estava sendo feita uma grande faxina e várias coisas muitos interessantes para o imaginário de uma criança começavam a aparecer. Não me lembro ao certo de todas as coisas, mas não consigo me esquecer de uma coleção de vidros de perfume. Tinha todo tipo de formato, cor e cheiro. Não sei ao certo como que consegui, mas me diverti muito aquela tarde e na tarde de segunda feira eu estava louco para voltar para lá e continuar a brincar.


Minha mãe disse que eu deveria esperar meu irmão chegar da pré-escola para me levar (a casa que eu morava era a um quarteirão da casa de minha vó). Eu já havia almoçado e não agüentava mais esperar meu irmão. Estava ansioso demais para brincar! Tamanho era minha ansiedade que não me contive; abri o portão e fui sozinho para casa de minha vó.

No caminho muitos conhecidos da família me cumprimentavam e acho que não entendiam porquê uma criança tão nova estava sozinha na rua... desci a ladeira decidido! Cheguei na casa de minha vó que estranhou eu estar sozinho, mas apenas me deixou brincar. Me diverti muito! Mesmo quando eu brincava sozinho eu era feliz! Tão pouco já me bastava naquela época. Até que já era tarde e minha vó me disse que era para eu voltar para casa do mesmo jeito que eu vim. Não entendi na hora e voltei subindo a ladeira que levava até minha casa. No final do morro avisto minha mãe e a namorada de meu tio. Minha mãe estava com cara de brava e quando cheguei até ela eu tomei muitas chineladas. Apanhei mesmo! Eu realmente não entendia que tinha feito algo errado mas estava sendo punido. Na época eu não entedi nada, mas com o tempo sempre me lembrei do dia em que minha mãe havia pensando que eu tinha fugido de casa. Foi uma fuga curta, sim, mas foi uma grande fuga!

1 comentários:

Anônimo disse...

criança é assim mesmo... o mais engraçado é quando uma criança fica irritada e quer fugir da casa... mas como ela QUER ela ñ é capaz... só sem querer mesmo ^^