quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Crônica III - Sacrifício

Em uma bela manhã Hidenheart caminhava pelo campo. Alegre por continuar vivendo e feliz por continuar evoluindo como caçador. Mas mesmo em sua atual paz de espírito a dúvida era presente. Sem querer ele se perguntava se conseguirá ao longo de sua jornada de aperfeiçoamento derrotar um dragão.
Em sua memória relembra as piadas que as pessoas já fizeram sobre ele e sua ordem. Apertando sua adaga de madeira contra o peito ele sentia vontade de gritar para espantar esses pensamentos que em nada o engrandeciam. Agora ele estava em paz e
dificilmente irá se abalar em um dia tão majestoso.

...


Lyde era um imenso dragão azul. Seus olhos eram verdes e expressavam piedade por todos os seres que considerava mais fracos ou dignos de ajuda. Ao longo de sua vida foi muito caçado, seu corpo agora é mutilado e sua alma clama por dias melhores.
Ao avistar seu único amigo caçador. Lyde dispara um trovão contra os céus, convocando Heart a sua presença.
_Como vai estimado amigo Lyde!
_ Fluente como a água de um rio meu caro amigo Hidenheart. Diga-me! Porque combinou esse encontro? Algo lhe aflige?
_ Sim meu amigo! Há dias não consigo dormir, pois as palavras de meu escudeiro me fizeram refletir se devo ou não continuar seguindo os preceitos de minha ordem... Será que um simples ser humano, armado com uma simples adaga de madeira é realmente capaz de tamanha façanha que é a de derrotar um dragão?
_ Muitos conseguem nos derrotar Heart. Mas a maioria utiliza armas, poções e outros itens mágicos. Sua ordem é menosprezada por todos de minha espécie. Por esse fato ainda continua vivendo. Meus irmãos acham divertido humilha-lo e apenas feri-lo. Se acreditar em seu sonho certamente irá alcança-lo. Pois es puro de coração!
_ Entendo o que quer dizer. Mas infelizmente no momento me sinto inferior aos outros caçadores. Não tenho histórias de vitória para contar, possuo apenas cicatrizes de muitas derrotas. – Enquanto proferia essas palavras Heart erguia as mãos para os céus.
_ Não existiria uma maneira de você completar seu objetivo sem desrespeitar os princípios da ordem?
_ Bem... ...Existir existe! Porém é um meio nunca antes utilizados pelos de minha ordem...
_ Qual é esse meio?
_ Não me sinto à vontade para falar, ele não é muito nobre...
_ Sabe que nada pode me incomodar amigo, então diga!
_ Está bem. Uma lenda antiga diz que um caçador de dragões da Ordem da Adaga de Madeira pode em situações de desespero apelar para a compaixão de um dragão.
_ Como assim?
_ O que quero dizer é que eu posso pedir para que um dragão se sacrifique por mim...
_ Tem algum em mente?
_ Sim, você!
_ Compreendo agora sua angustia aparente. Mas caso consiga derrotar seu primeiro dragão dessa maneira, você, futuramente, não se sentiria inferior?
_ Talvez, mas usaria dessa nova conquista para continuar tentando derrotar um dragão com minhas próprias capacidades!
_ Então quer que eu me sacrifique por você?
_ Infelizmente, sim...
_ Bom, tenho que refletir as conseqüências, sente-se naquela pedra e aguarde minha
resposta!

Assim Hidenheart se afasta de seu único amigo dragão e sentado em uma gigantesca pedra aguarda a resposta que de qualquer forma mudaria sua jornada de quase vinte e um anos. Ele para e pensa...


...


Retornando a presença de Lyde, Art não consegue deixar de pensar que o pedido que fizera poderá comprometer sua única amizade com um dragão. Onde estava com a cabeça? Estaria ele ficando louco? Ou essa era simplesmente uma atitude desesperada de um homem cansado do sofrimento?

_ Tenho sua resposta caçador! – Dizia Lyde com sua trovejante voz.

O sol daquele dia era belo é quase não haviam nuvens no céu.

_ Seja qual for eu acredito que escolheu bem, amigo... – Mas bem no fundo de sua alma, Art proferia essas palavras com um pouco de esperança.
_ Até hoje nunca fui falso com meus sentimentos. Isso faz com que eu jamais fizesse nada que não fosse para ser feito... Não sei se está me entendendo, mas a questão é que se eu fizesse o que me pede as coisas seriam piores para você e, acredite, não quero isso! Você ainda é jovem! Sei que ira conseguir alcançar seu maior sonho, infelizmente não será com esse dragão...

Para a pequena criança que era a esperança de Heart, essas palavras foram como facadas em seu frágil corpinho. Conforme Lyde as proferia o caçador da ordem da adaga de madeira ia perdendo o controle do corpo e tremia cada vez mais. Ao final ele conseguiu soltar uma risada histérica e disse:

_ É, você fez a melhor das escolhas, para você! É claro... – Dizia Heart enquanto dava as costas para o dragão.
_ É para o seu bem amigo...
_ MEU BEM? Se pudesse estar em meu lugar entenderia pelo que passo todos os dias de minha vida! – Dizia Art afastando-se de Lyde.
_ Você ficara bem?
_ Claro que ficarei! Isso não foi nada para quem já foi feridos por mais de 10 dragões! E SOBREVIVEU!

Sem olhar para trás Heart abandona seu único amigo dragão. Nesse momento ambos sabiam que a relação entre eles jamais seria a mesma... E não foi...

Três luas cheias depois se reencontraram para uma despedida. Lyde ia embora atrás de seus sonhos de dragão. Heart o olhava e depois de passar a mão em seu focinho desejou boa sorte. Ambos se olharam profundamente porque sabiam que seus caminhos dificilmente se cruzariam novamente...

Depois disso Heart teria que se despedir de seu escudeiro, mas essa já é outra história...


Fim da terceira crônica

1 comentários:

Anônimo disse...

como assim? vc corta justo nas melhores partes!!!